Bom regresso


Regressados de umas merecidas e retemperadoras férias de verão, apresentamos a 3ª edição do Magazine PCB.

Aqui deixamos mais testemunhos, histórias, relatos e curiosidades, sempre com o propósito de informar e divertir.

Desejamos a todos a continuação de um bom ano de trabalho.

Boa leitura!




Aniversariantes do PCB

Muitos Parabéns e as maiores felicidades!


Julho - Fausto Manhão.

Agosto - José Manuel Silva, Rigoberto do Rosário, Manuel Ferraz e Isabel Machado.

Setembro - Maria João Santos Ferreira, Filipe Rosário e Edith Lopes.

Festa de aniversário da fundação do PCB e do site


       Mais um aniversário, mais uma festa! 
       O PCB festejou no dia 9 de Julho o 4º aniversário do site www.gentedemacau.com e o 9º aniversário da constituição do Partido, com uma festa (dois em um) em que compareceram os membros fundadores, os amigos colaboradores e respectivas famílias.
       Houve comizaina maquista, confeccionada pelo “Âvo” e demais “Chefs” do nosso grupo e cantorias que, embora ensaiadas no momento, surtiram o efeito desejado. Foi só começar e de imediato, as quadras foram surgindo do fundo da memória de cada um, juntando-se à lenga lenga inicial.
       Foi uma tarde à PCB, animada e bem passada.

Viva o PCB!

Festividade do bolo lunar



       A festividade do Bolo Lunar tem lugar no décimo quinto dia do oitavo mês lunar, normalmente no mês de Setembro. Esta festividade é também conhecida como a Festividade de Médio Outono e ainda como a Festividade da Lanterna, pelo facto das crianças levarem lanternas enquanto observam a Lua. Estas lanternas têm formas tradicionais tal como coelho, peixe (Carpa), borboleta, lagosta e fruto estrelado (carambola), contudo, nos dias de hoje, surgem lanternas com formas de avião, foguete e barco. Sinais dos tempos.
       Conta a lenda que, numa manhã mágica, apareceram nos céus, dez sois. Este facto levou a um terrível aquecimento da Terra e conduziria brevemente a uma seca imensa e à extinção de toda a humanidade. Preocupado, o Imperador deu então instruções ao seu Divino Arqueiro Hou Yi para abater nove dos dez sois.
       O arqueiro cumpriu exemplarmente a missão que lhe foi confiada e como recompensa pelo seu enorme feito, recebeu o elixir da vida. Receosa com a possibilidade de Hou Yi se transformar num tirano, Chang-O, a sua bela esposa, furtou e bebeu o elixir. De imediato flutuou saindo pela janela. Hou Yi tentou alcançá-la, mas não conseguiu. Entretanto, viu o coelho Jade, animal de estimação da sua esposa, sentado na varanda a olhar para ela. Agarrou nele e atirou-o em sua direcção, para que ela não ficasse sozinha onde quer que fosse. Chang-O conseguiu agarrar o seu coelho Jade e ambos flutuaram em direcção à Lua, onde ainda hoje vivem.
       Assim, quando olhamos para a Lua na noite da Festividade do Bolo Lunar, podemos ver a bela Chang-O dançando no seu gélido Palácio e o Coelho Jade fazendo o elixir da imortalidade. Diz o povo que nessa noite podemos pedir um desejo a Chang-O.
       Outra lenda ligada à Festividade do bolo lunar, leva-nos ao século XIV quando os chineses eram governados pelos Mongóis. Naturalmente, inconformados com este domínio estrangeiro, planearam uma rebelião.
       Mas as reuniões eram proibidas e era impossível convocar as pessoas para a revolta. Contudo, Liu Fu Tong, um revolucionário patriota, concebeu um plano para espalhar a palavra da revolta contra os Mongóis.
       Confeccionou milhares de bolos em forma de Lua recheados com pasta de semente de lotus e obteve autorização do imperador mongol para os distribuir pelos seus conterrâneos chineses. No recheio, ia também uma mensagem escrita em papel, com os planos da revolta, que acabou por ser bem sucedida, dando origem à dinastia Ming e também, possivelmente, à tradição de se oferecerem bolos lunares por ocasião da comemoração da Festividade do Bolo Lunar.
       Seja qual for a explicação para esta Festividade e para o ritual da oferta dos bolos lunares, é uma oportunidade para observarmos a lua e recordarmos os amigos e os familiares.

Como era festejada nos anos 50 a noite de "pát yüt 15"

      

Na noite da véspera da festa da Lua (pát-yut 15) as famílias chinesas e macaenses costumavam ficar à janela a apreciarem a Lua, porque nessa noite esta era maior, mais brilhante, mais redonda e mais bonita do que qualquer outra durante o ano inteiro.
       Todas as famílias compravam caixas de bolo bate-pau (yüt péng) umas para oferta e outras para consumo pessoal.
       As pastelarias que confeccionavam esses bolos e outros em forma de porquinhos, bem como os de amêndoas e as bolachas de amendoins, adornavam as lojas com reclames luminosos e com movimento, que faziam as delícias das crianças e dos adultos.
       Os nossos pais também não se esqueciam de nós, os mais pequenos, compravam-nos os coelhinhos e as lanternas em várias formas, para que pudéssemos participar na festa.
       As lanternas em forma de peixe, de borboleta ou de barco eram feitas de papel celofane vermelho e tiras de bambu.
       O brinquedo mais cobiçado da noite era o "Coelhinho" ou o "Coelho mãe" com os dois filhotes, um de cada lado. Os coelhos eram feitos dum papel fino quase de seda, com uma armação em bambu e com quatro rodinhas de madeira e uma corda fina para que os pudéssemos puxar.
       As lanternas e os “Coelhinhos” eram iluminados com uma vela acesa no interior.
       Depois do
jantar as famílias reuniam-se para apreciar a Lua e à medida que iam saboreando a ceia tentavam adivinhar as possíveis figuras que cada um via na lua.

       A ceia era composta por várias iguarias, como o bolo bate-pau, inhame cozido (podia-se comer com açúcar ou simplesmente mergulhando num tempero feito com óleo cozido e sutate), pu lôk (pomelo), leng kóck e frutas variadas.
       Nessa noite só se viam crianças a brincar rua acima e rua abaixo com os seus coelhinhos ou lanternas acesas.
       Por vezes aconteciam "acidentes" quando o coelho se virava e se incendiava, ou quando os mais velhos, sempre à caça de coelhos, peixes, borboletas, utilizavam as fisgas para os derrubar.
       As crianças perante estes "acidentes", choravam baba e ranho ao ver os seus queridos bonecos a arderem ou esburacados.

Festa da Lua



Realizou-se no dia 17 de Setembro mais uma emblemática Festa da Lua do PCB.
Foi trabalhosa a organização deste evento que juntou mais de 100 pessoas, mas com a colaboração de muitos a tarefa foi menos pesada.
A comizaina estava boa e fez as delícias dos presentes.
Com vozes afinadas, o coro entoou o Hino do PCB, bem como algumas canções típicas maquistas e foi com grande emoção que se cantou “Macau, Terra Minha”, em conjunto com o autor da canção, o nosso Rigoberto do Rosário Jr(Api).
Para desenferrujar as dobradiças houve também bailarico em que o Cha Cha Cha, o Rock ‘n Roll e o Twist marcaram presença.
Tudo isto acompanhado pelo talento musical dos nossos artistas António Canhota, Rigoberto do Rosário Jr e António Lagariça.
Por fim, cantou-se à lua e saboreou-se o bolo lunar, o inhame e a chacha.
Que bom que foi rever os amigos e partilhar com eles esses momentos agradáveis e divertidos.
Viva o PCB!

Festa da Lua - Video da festa em geral

Festa da Lua - Video das nossas cantorias

Vídeo - Macau Terra Minha

Recordâ sã vivê

  Istunga vez iou tem na magazine de PCB já recordâ unchinho de iou sa vida de quiança, istunga história qui iou iscrevê, iou non sábi quánto áno iou tem, nádi más qui cinco sete ano, iou sa sete oito áno avó ui di doente, já vâi co Dios, ná más qui 69 áno, quelóra iou sómente tem oito ano.
História já acontecê na istunga lugar, edifíco vélo qui iou botá fotografia na texto, sã casa úndi iou sa avó, mãi de iou sa mãi vivê co su filo fila.
Na gudám de istunga casa véla, na tempo antigu sã unga farmácia china co nóme Sang Sang Tóng, primeiro andar sã casa de iou sa avó, na riva sã família Eusébio qui ficá.
Sã verão, quente de morrê, quiada e ama Ana já agarrâ iou co iou sa irmão Dico ta vâi casa de avó, nosôtro vem de Rua S. Miguel pa istunga vanda.
Chega casa de avó dois hora fora, subí iscáda madeira istreito co barulo, pussá arrame qui tem sino de porta, gonchông gonchông arrame, sino tocá, avó vem abri porta, ólã nosôtro azinha ficá tudo raganhado, lôgo dá ucho, fazê intrá e pirguntá como ta vâi.
Iou cabeça grándi, já pedí avó compra fefe pa queimá, china chomá tec tec kam e potuguês de Portugal chomá círio mágico, iou qui sábi cuza tem de mágico na istunga ancuza, avó falá bom, ta vâi varanda de lado qui vosôtro póde ólã na foto qui iou botá.
Básso de varanda tem quánto tenda , lôgo lôgo básso de varanda sã tenda de cigarro co brinquedo e comic china, lado de istunga tenda tem tenda de bolo china europeu (sâi péng), unchinho más pa lado tem tenda de café china e rixó.
Avó azinha vâi varanda de lado, panhâ cesto co corda, pincha cesto vâi básso, cesto câi co fórça na toldo de tenda, avó sacudí corda fazê cesto salta pula dôs três vez já chomá tenção pa quim tem na básso de tenda, Kao Kei vem fóra, piguntá avó cuza querê, avó lôgo pedí tec tec kam co arrame, nom quero co bambú, istunga ancuza já custa vinte ávo.
Pussá cesto vem riva, tira saco de fefe bota na riva de mésa, ta vâi buscá fósforo.
Azinha já queimá primeiro fefe na varanda de vanda dianteira, contente já pedí más, avó já cendê, iou bota mão vaî fora de grade de ferro co fefe cendido, já câi na toldo de lona da farmácia china Sang Sang Tón, unchinho assí tánto tempo, dianteira da farmácia já ficá unga xonto de gente, apontá pa riva, chuchumeca, tem gente goelá, toldo ta queimá ia.
Avó lôgo vêm co vassoura, já vassourá fefe qui câi na chãm de rua, toldo queimado continuá queimá, avó azinha pega dôs garrafa de águ, vazá na riva de toldo, básso, gente de farmácia pussá corda de toldo fazê enrolã, toldo co águ juntado lôgo fogo já apagá ia.
       Sómente faltá unchinho assi tánto queimá fio electrico qui tem na parede de casa.
Lôgo lôgo, avó corrê vâi farmácia pápia co ilôtro cuza póde fazê pa remediá istunga asneira grándi que iou já fazê, toldo novo novo qui botá sómente unga dia.
Ana, ólâ fumo vem de porta de cozinha, churá, cólo Dico pussá iou ta vâi pa porta de iscada, quelóra iou já ólâ fogo qui vem de vassoura que vassourá fefe, iou goelá qui forti, ramenda máta porco na matadouro, puliça trânsito que tem na frente corrê azinha vem riva, avó vem azinha subí iscáda trepá co pé mão.
       Puliça já intrá casa, ôlá fumo e unchinho fogo na vassoura, papiá vâi busca águ, avó vem azinha como cavalo fêmea, intrá, pegá pano de limpâ chãm, botá na bacia co águ, pegá vassoura chuchú na pano mulado e na chãm únde tem vassoura.
Fogo apagá ia, patroa de farmácia co su irmão tamêm vém cuidí co unga má pal, nádi de más mal vem ia.
Puliça tirá capacete branco, limpá su suor co su lenço, botá iou na colo, pápiá ne bom susto, se ancuza acontecê qui vos nom pódi cudí, sã tem qui chomá gente cudí, ne bom goéla assi, sã goéla forti qui forti, chomá “cau mém”.
Fogo apagado titi Nanda cavá chegâ ia.
Tudo ancuza de fogo já cavá, avó, titi e si thau pó de farmácia tudo gente papiá pa iou, si tem ancuza qui nom sábi cuza fazê, chomá gente pa cudi, sã goéla “cau mém” e chomá gente grándi vem cudí.
       Toldo novo qui farmácia china têm já custa oitenta pataca, patroa de farmácia falá non precisa pagá, iou nádi querê.
Pramicedo, tira toldo queimado, avó vâi busca pa su casa, ramendá co lona, cosê co máquina.
Depois de iou iscrevê istunga história, agora iou pensa, divéra sorti iou têm na tempo de quiança, nádi panhá castigo, tudo gente ensiná iou goelá “cau mém”, chomá gente vem cudí e brinca co fogo na lugar qui non tem ancuza qui pódi queimá.
       Iou já lembrá de istunga história de iou sa vida na hipermercado Jumbo, quelora iou já ólâ fefe qui tem pa vendê juntado co pivete cera de aniversário.
       Instunga vez sã assi tánto ia, ispéra qui vosôtro gostá de istunga história.


Filipe Rosário

Relato de um passeio ao mediterrâneo - 2011


Do cruzeiro dos doze vos vou falar
para não "chuchumecá" de tanto passear …

Em Milão foi aterrar
E por arrozais atravessar,

  Até 210 km completar
E a SAVONA chegar.
"Tuti-quanti", "pang-iau” familiar
"Andiámos" doze dias a navegar.
De Savona foi zarpar
Para CIVITAVECCHIA visitar
Com a Franca a comandar
A bela ROMA vimos a galopar.
Parabéns a "Miss Coragem" que soube acompanhar!
Pelo mediterrâneo continuámos a navegar
Até à Grécia chegar
E em PIRÉU atracar.
Três mil ilhas a visitar,
Mas o Constantino a Acrópole foi mostrar
Até em Plaka nos deixar.
"Miss Cibele (1)" logo-logo foi jogar!
"Azinha-azinha" "Miss Água", as meias foi lavar!
Em IZMIR foi atracar
e com Fáti, a casa de Maria, visitar
E "faiti-faiti" muitos tapetes comprar !!!
E agora em patuá, também a rimar:
A linda ilha de RODES, por nôs esperá
Foi tudo passeá
E muita prenda comprá
Comida grega prová

Manos Badaraco muito Uzo (2) bebericá,
Quando barco zarpá
Todo mundo chorá!!!
Em LIMASSOL podia até NÃO PARAR!
Muita lama e pouco sol, para não variar …
"Miss Oumun", logo-logo o sol fez brilhar!
E o sultão “Solimão (3)" até o Castelo foi visitar.
Ao longe, a Torre Vermelha, se pode avistar
Para em ALÂNIA logo atracar
E outra vez à Turquia chegar.
Castelo, museu, grutas e torre pudemos visitar
Minaretes e chamamentos pudemos auscultar
E ficámos com vontade de voltar!
Em SANTORINI foi fundear
Para a chalupa (4) apanhar
E à cidade branca nos levar
Muito sol e 685 degraus para animar
Dos tugas de Manhattan, nem falar …
E para o pessoal festejar
os "red-shoes" vieram alegrar!
E a última escala, para terminar,
Em KATAKOLON fomos atracar
Porto rústico, simpático e com muito mar
De trenzinho foi passear
E ao barco voltar.
E para finalizar
Ao "COSTA" vou processar
por tanta água engordar!
A todos desejo vida salutar
para outros passeios igualar!
E a "Miss Delight" vamos brindar!
Muito obrigada, queridos amigos
HIP-HIP-HURRA
YÁSÁS (5) !

Miss Coragem - Cíntia; Miss Cibele - Tia Cecília; Miss Água - Irene
Miss Oumun - Teresa; Miss Delight - Virgínia; Sultão Solimão - Manuel
Manos Badaraco - Orlando e Alfredo

(1) - CIBELE - deusa-mãe, deusa da fertilidade para os turcos;
(2) - UZO – aguardente grega
(3) - SOLIMÃO - Sultão "O magnífico" que reinou na Turquia entre 1520/66
(4) - CHALUPA - Barcaça;
(5) - YÁSÁS - Adeus em grego (YLA SAS)

Texto por Isabel Machado Fonseca

O meu primeiro contacto com o PCB - 1ª parte

Festa da Lua, Lisboa 2010


Local: Casa de Macau, Lisboa

25 de Setembro de 2010

Na minha viagem a Macau, em Julho de 2010, conheci e conversei com várias pessoas da terra que durante as nossas conversas sempre frisaram insistentemente, e tratando-se do interlocutor uma aluna portuguesa de doutoramento a escrever uma tese sobre a comunidade macaense, a importância crucial da gastronomia macaense enquanto elemento único e definidor daquela cultura e identidade. No seguimento desta ideia e quando solicitei contactos de macaenses em Portugal, surgiu imediatamente o nome O Partido dos Comes e Bebes (PCB) e a referência a alguns dos seus mentores e fundadores. Quando eu perguntei que partido era esse, foi-me explicado que se tratava de uma brincadeira de amigos que resolveu fundar um partido que nada tem a ver com a Casa de Macau e cujo objectivo é o de reunir as pessoas da terra em volta de uma boa mesa com comida macaense, aquando das celebrações de acontecimentos que, para este grupo, mais se destacam ao longo do ano. Fiquei muito curiosa e pensei que aquela era uma boa pista a seguir em Portugal. Uma vez de volta, contactei as pessoas que em Macau me tinham sido sugeridas e curiosamente, esse período de contactos estabeleceu-se mesmo antes da grande celebração da Festa da Lua.
Esta é uma das festividades chinesas que, à semelhança do que se passa em Macau, também é celebrada pelos macaenses a viver em Portugal, em casa e fora dela, em grupo e nas festas do Partido dos Comes e Bebes. Depois do meu contacto me falar com entusiasmo desta festa e de toda a sua organização e sucesso em edições anteriores, foi-me sugerido que comparecesse no evento caso a Comissão Organizadora permitisse a minha presença, a presença de um “estrangeiro” acrescento eu. A autorização foi concedida, desde que não estivesse ali como “investigadora” de bloco de notas e gravador em punho, e o meu nome foi colocado na lista de convidados da Festa da Lua Lisboa 2010. A partir daí, foram-me esclarecidas algumas formalidades relacionadas com aquele encontro, nomeadamente, o local onde a festa se iria realizar, no anexo da Casa de Macau e uma vez que o PCB nada tem a ver com a Casa, este é uma espaço alugado para o efeito e a comida tipicamente macaense é encomendada pelo que teria um custo associado e um valor tinha sido acordado entre todos. Também me foi explicado que a festa desse ano, e ao contrário dos anos anteriores, iria ter aquele formato em vez do “cada um traz um prato” como forma de simplificação do processo. O dia chegou e lá fui eu para aquele que seria o meu primeiro momento etnográfico com observação participante e ao mesmo tempo, o meu primeiro contacto com esta comunidade macaense em Portugal. E uma coisa eu tinha aprendido em Macau, levar sempre comigo cartões de visita para fazer futuros contactos.
Cheguei à Casa de Macau e o inevitável receio pela estranheza no olhar que poderia encontrar nos rostos daquela gente, Gente de Macau, chegou comigo. Demorei o meu olhar pelas primeiras pessoas que ali se encontravam sentadas mais perto da porta se por acaso me quisessem interpolar, até porque me tinha sido dito que em relação ao pagamento “não se preocupe porque há-de ser logo esbarrada à porta”, mas tal não aconteceu e avancei sala a dentro. Instantes depois, emerge, do meio da multidão, a pessoa que de imediato identifiquei como sendo o meu contacto prévio e me identificou também, surgindo assim uma cumplicidade espontânea entre nós. Depois dos devidos cumprimentos, ela assumiu o seu papel da “minha mãe de acolhimento” e disse: “venha, venha, que tenho de a apresentar e vamos comer!” E assim foi e os receios e os constrangimentos, foram-se esbatendo.
Fomos buscar pratos e talheres e de seguida fomos percorrendo a mesa do buffet por onde estavam distribuídas várias iguarias da gastronomia macaense às quais ia sendo introduzida tanto ao nível dos nomes, dos ingredientes utilizados na confecção, assim como, quanto à ordem pela qual se deveriam ingerir os alimentos: “agora pode comer assim, nós comemos assim, primeiro as massas com estes molhos de soja e de amendoim e depois, volta-se cá para comer os pratos com arroz.” Com os pratos servidos, o passo seguinte foram as pessoas. Sou então apresentada como a investigadora que está a escrever uma tese de doutoramento sobre os macaenses, os seus hábitos e costumes e a quem eles muito podem ajudar. Entre “este sabe muito sobre Macau, este pode contar-lhe muitas coisas… e esta, ela é… venha, ela é que pode ajudá-la muito…” e conversas aqui e ali, onde os mais curiosos param para me fazer algumas perguntas, surgem relatos de histórias de Macau, das suas ligações a Macau e Portugal e da importância atribuída as estes encontros do PCB na manutenção da cultura e identidade macaenses.
A sala estava toda ornamentada com decoração chinesa. No centro estava a mesa com o jantar buffet, ao fundo, encostada à parede oposta da entrada da sala, estava a mesa das bebidas onde se destacava uma bebida macaense bastante adocicada feita de folha de figueira - Xarope de Figueira - e ao lado, outra mesa com toranjas e caixas vermelhas com caracteres dourados onde estão ainda por desembalar os variados bolos lunares, hoje em dia facilmente adquiridos, segundo me foi comentado, em qualquer supermercado chinês do Martim Moniz. O espaço estava desimpedido e as cadeiras todas colocadas em redor da sala. Junto à parede da entrada, estava a aparelhagem de som cujo microfone eu ofereci-me para ajudar a montar e assim, seguindo criteriosamente o programa da festa, com o fim do jantar, deu-se inicio às “cantorias”. As pessoas ali presentes começaram a agrupar-se à volta do microfone e dos placard de esferovite ali montados com as letras das músicas em grandes letras, para que toda a gente pudesse acompanhar as canções. A primeira delas foi o Hino do Partido dos Comes e Bebes, letra em patuá e especialmente escrita para o PCB por um macaense músico que vive no Brasil. O PCB tem um website (www.gentedemacau.com) criado em 2007 onde se pode ver o hino e a bandeira do partido, os seus fundadores, e organizadores, amigos e colaboradores, diagrama da comissão organizadora, calendário dos eventos, blog, fotografias de eventos passados e onde cada um dos associados tem o seu “cantinho” onde podem escrever sobre os temas que mais lhes aprazem. Outras “canções variadas” se seguiram ao hino, todas elas em patuá. As cantorias eram animadas, aliás, como todas as pessoas que ali estavam e que participavam ou assistiam aquele momento musical do qual fazia parte uma espécie de expressão corporal em que as mulheres apontavam a um homem, o fotógrafo de serviço, que por sua vez respondia da mesma maneira. Certamente, deveria ter a ver com o teor das letras das músicas que, sendo em patuá, eu não compreendia. O tom era de sátira e de certa forma comparável com a Revista Portuguesa, mas provavelmente sem o conteúdo político. ./..

Macau no meu coração

Vamos a isso João!

PCBMag - Quando recebeste a notícia de que foste mobilizado para Macau ficaste entusiasmado?
JPD - É uma pergunta curiosa, e vai ter uma resposta curiosa.
Quando eu estava à espera de ir para a guerra, muito mal preparado e sem coragem para o fazer, no dia de carnaval do ano de 1969, eis que um amigo meu, veio ter comigo, quase que não respirava e disse-me "João vais para Macau". Eu só lhe respondi “ hoje é dia de carnaval e nessa não caio”, mas era de verdade. Como é óbvio fiquei deslumbrado.

PCBMag - Que idade é que tinhas quando foste prestar o serviço militar em Macau? Foste de avião ou de barco?
JPD - Saí de barco no paquete Timor no dia 22 de Abril de 1969, no dia do meu aniversário, que bela prenda que eu tive.

PCBMag - Tinhas alguma noção de como era Macau?
JPD - Não tinha noção de nada, eu acho que nunca se tem noção de lugares que não conhecemos, fazemos um retrato na nossa cabeça, só que a realidade é sempre diferente, não havia internet, os telefones funcionavam a carvão, jornais controlados pelo regime salazarista, só sabia o que a minha professora me ensinou na escola.

PCBMag - Como foi a tua chegada a Macau e qual foi o teu 1º pensamento?
JPD - Cheguei a Macau no dia 9 de Junho, desembarquei no cais junto ao Macau Palace final da "somalô" (Av. Almeida Ribeiro), não me recordo do nome, um calor sufocante, pairava no ar um cheiro exótico, misto de terra, peixe e mar, era agradável só por ser em Macau, detestável se fosse em outro lugar qualquer. Já sabia umas palavras em chinês, pelo menos para sobreviver e não morrer à sede, que aprendi no barco que nos trazia de Hong-kong, "iát pui tong sóiá" (um copo de água fria) e "tsintao petchau taikó" (Cerveja Tsintao grande).
Lembro-me de cumprir um ritual que a minha querida mãe me pediu, pisa aquele lugar com o pé direito, é sinal que vais respeitar aquela gente que lá vive e pisei, ainda hoje o faço, noutros lugares que visito.
Lembro-me de que já era tarde, o sol já tinha desaparecido, tinha à minha espera os furriéis Castro e o Felisberto que me foram dar as boas vindas e me transportaram até ao quartel, fiquei alojado num quarto com mais três colegas em "axavan pinfon sete mei" (Quartel Mong Há - areia preta) as instalações, uma desilusão com poucas condições, fui tomar um duche, vejo na parede da casa de banho umas quatro osgas, para mim era impensável ficar ali, mas tive que ficar.

PCBMag - Conseguiste comer a comida chinesa?
JPD - Claro que sim tinha que ter sempre uns óculos muito escuros, para não ver certas coisas, mas gostava muito, isso é que é a essência da comida chinesa.
Das coisas que tenho saudade é da cozinha chinesa, deliciosa, todos os dias comia chao-min e na Maria Sebosa, uma tasca imunda que até os pés ficavam colados ao chão com tanta gordura, ficava depois da caixa escolar (Vai I), quando se ia para axavan (areia preta), da primeira vez que estive em Macau ainda procurei a tasca mas já não existia.
Há muitos outros pratos que adorava, o pato assado vendido na rua, numa perpendicular à Somalô (Av. Almeida Ribeiro), íamos comer o caranguejo frito naquelas frigideiras típicas, com muito piripiri, grandes tempos.
Se estivesse em Lisboa ainda frequentava o workshop para aprender a fazer chau-min.

PCBMag - Então como era o teu dia-a-dia lá em Macau depois do serviço?
JPD - Eu lembro-me de que os primeiros tempos foram complicados, 1969 fazia 20 anos da revolução cultural chinesa do MAO, tínhamos pouco espaço de manobra, não podia haver muita exposição na cidade porque éramos considerados "personas non gratas". Assim, almoçava na messe de sargentos, voltava para o quartel e à noite, quando a cidade se preparava para dormir íamos com alguma liberdade ao cinema, muitas vezes com o objectivo de desfrutar o ar condicionado, íamos ao MACAU PALACE cear, assistia aquele teatro chinês horrível que quase perfurava os tímpanos e daí para o quartel.

PCBMag - Quais os sítios que frequentavas?
JPD - O sítio preferido era o Waltzing Matilda, acho que se chamava assim, lembro-me que era bem frequentado e tinha um belo ar condicionado, por vezes jantávamos no restaurante do Hotel Estoril, mas fomos proibidos de lá entrar porque havia um furriel, bom rapaz, mas quando bebia a tal "petchau taikó" partia as mesas todas.
O fim de semana era na discoteca do mesmo hotel, que tinha sempre música ao vivo, bons conjuntos, que tocavam as músicas dos anos 60 que ainda hoje nos trazem belas recordações, como "Proud Mary" ,"The house of the rising sun" e fico por aqui. Havia o café RUBY em frente dos correios mas esse local não era do meu agrado, era demasiado burguês. No ano seguinte com a inauguração do hotel Lisboa, o grupo começou a frequentar o "coffeshop", sítio mais " IN" mais moderno e mais luxuoso.

PCBMag - Como conseguias falar com os locais quando ias fazer compras?
JPD - Havia sempre um professor que nos ensinava a dar os primeiros passos e as palavras necessárias à nossa sobrevivência. Depois os contactos com a população faziam o resto, todos sabíamos as palavras que não podiam ser ditas. Eramos jovens, cheios de vida, de garra e de força o que nos levava a procurar amigos, mesmo com o estigma de sermos militares, mas penso que tudo era ultrapassado.
O "professor" ensinou-me: quando quiseres pedir namoro dizes "GO OUTXONGUI NEI" (gosto muito de ti) TSINGTAO PETCHAU TAIKÓ (cerveja Tsingtao grande), YAT PUI TONG SÓI-A (um copo de água fresca), LOTXÉ (nos autocarros - Vou sair) essas são algumas expressões de que ainda hoje me lembro.

PCBMag - Macau marcou-te muito?
JPD - Muito! Eu estive em Macau quatro vezes, senti uma enorme nostalgia quando vi que muitos daqueles espaços já desapareceram, passei pelo destacamento (axavan pinfon sete mêi) ainda existem alguns barracões, mas tudo o resto desapareceu, o campo de futebol, nem sinais, monghá estava lá uma escola hoteleira, as portas do cerco ficaram diferentes, na ilha verde tudo degradado, o quartel general que era um sítio nobre, estava com umas oficinas vulgares, tive pena, mas o progresso é mesmo assim.
Macau tem uma particularidade, todos os dias são novos, nunca se sabe tudo de Macau, aqui reside o encanto dessa terra, há sempre coisas por descobrir e para aprender, eu lembro-me de que havia dias que queria fugir, e outros que queria ficar para sempre.

João Palinhas Duarte

Dificuldades de comunicação

Aqui vai uma história de um português que ainda não sabe chinês e vive em Macau há 21 anos.
Estávamos no ano de 1991 ou muito possivelmente em 1992, quando esta história se passou. Eu, apesar de ser casado com uma macaense nunca tive grande predisposição para aprender o cantonense. Como qualquer outro português em Macau, "arranhava" umas palavras. Nesse dia resolvemos, eu, a minha esposa Isabel e o meu filho Luís, ir ao restaurante japonês Furusato situado no Hotel Lisboa, para jantar.
O jantar correu muito bem. Como manda a tradição, o salmão (que eu nem gosto) estava soberbamente fresco e os camarões grelhados (que eu adoro) estavam uma delícia. Porém, quando o cozinheiro se preparava para começar a fazer o arroz "chau-chau" à maneira japonesa, reparei que não tinha uma colher na mesa. Ao contrário da minha esposa e do meu filho que comem com os "fai tchi", eu ainda hoje não o consigo fazer. Assim, chamei um empregado e no melhor cantonense possível pedi "chi kan mcoi". O empregado anuiu e dirigiu-se à cozinha.
Largos minutos passaram e nada de colher. Entretanto já o arroz japonês estava feito e pronto para ser servido. O meu filho e esposa já o comiam com os seus "fai tchi" e eu ainda sem ver a minha colher. Nessa altura, o cozinheiro volta para a nossa frente e traz um prato com galinha para cozinhar. Nós ficámos espantados porque não tinhamos pedido nenhum prato de galinha, até porque devido a ter comido galinha durante dois anos (todos os dias) na tropa, galinha é a última coisa que faço intenção de comer. No entanto, pensámos que seria para outra mesa que não a nossa. E eu continuava à espera da minha colher.
O cozinheiro quando acabou o prato, serviu-nos o mesmo, para grande espanto nosso. E ao servir disse em inglês: "chicken" com um grande sorriso.

A minha esposa chamou o empregado, a quem eu tinha pedido uma colher, e este informou-nos que o prato era de galinha e era para nós.
Conclusão: Quem diria que no meu chinês macarrónico "chi can" pudesse ser confundido com "chicken"? Só em Macau... e só comigo!

Zeca Nascimento

O jogo da nossa infância - Tálu

Talú, jogo viril, só para rapazes.

       Lembram-se de quantas goiabeiras mutilaram para fazerem os tók kêg (tacos) e os bastões do talú? O talú é jogado por rapazes, utilizando um tók kêg mais ou menos cilíndrico com cerca de 10 cm de comprimento, com as pontas afiadas e um bastão mais grosso com cerca de meio metro.
       Dividem-se em dois grupos de 4, 6 ou 8 elementos cada. Um dos grupos abre uma pequena cova no chão e coloca o tók kêg com as extremidades afiadas apoiadas nos bordos da cova, o outro grupo posiciona-se a uma distância de cerca de 10 a 15 metros.
       O jogador que vai iniciar o jogo, utiliza o bastão como alavanca introduzido na cova por baixo do taco e atira-o com toda a força em direcção ao grupo adversário, cujos elementos tentarão apanhá-lo no ar. Esta jogada é realizada com o jogador de cócoras e por vezes de costas voltadas para a cova em posições acrobáticas, cheias de estilo. Se um dos adversários conseguir apanhar o tók kêg com as duas mãos, soma 50 pontos, com a mão direita soma 100 pontos, em qualquer dos casos o atirador é eliminado e deixa de jogar, cedendo o lugar ao seguinte do mesmo grupo. Se conseguir apanhar o tók kêg com a mão esquerda, soma 200 pontos e todo o grupo do atirador é eliminado. (Percebem agora porque os esquerdinos eram tão cobiçados?)
       Caso nenhum jogador conseguir apanhar o tok kêg no ar, o jogador que o lançou, coloca o bastão no chão junto à cova e um jogador adversário tentará atingi-lo arremessando o tók kêg a partir do local onde o mesmo caiu. Esta jogada implica muita pontaria, mas a recompensa é grande porque se conseguir fazê-lo, o primeiro jogador será eliminado e substituído por outro do mesmo grupo. Caso contrário, o jogo continua com o 1º jogador que, com o bastão, irá bater numa das extremidades do tók kêg de forma a levantá-lo e com várias batidas tentará mante-lo no ar antes de o bater com força, atirando-o para longe. Mas atenção, se o adversário for suficientemente afoito e conseguir apanhar o taco no ar, o grupo do lançador perde e mudam-se as posições no campo. Caso contrário, o número de pontos conseguidos nesta jogada obtém-se multiplicando o número de batidas que o jogador conseguiu, mantendo o taco no ar antes de o atirar para longe, pela distância entre o local onde o taco caíu e o local de onde partiu. Esta distância é medida utilizando o comprimento do bastão.
       O jogo recomeça com o jogador seguinte do mesmo grupo e só termina quando se atinge o número de pontos previamente combinado, geralmente 1000 pontos.
       Aqui têm as regras deste jogo, que variam de bairro para bairro, mas em todos eles o Talú foi responsável por muitos vidros partidos e cabeças rachadas.

Texto elaborado com a colaboração de Orlando e Alfredo Badaraco, exímios jogadores de Tálu, no Bairro da Rua da Esperança. (Tap Siac)

Bem-estar


A OMS classifica o uso de telemóveis como "possivelmente cancerígeno", daí, algumas recomendações que podem minimizar os efeitos das radiações emitidas pelos mesmos:

1- Procure afastar o máximo possível o TM da cabeça e do corpo. Fale em alta voz, ou use os auriculares. Não sendo possível, procure afastar o TM o máximo dos ouvidos. Alguns milímetros fazem a diferença.
2- É preferível deslocar-se para um local menos barulhento para ouvir melhor, do que encostar o TM ao ouvido.
3- Evite transportar o TM junto ao peito ou nos bolsos das calças, pois parece que tem efeitos nefastos sobre o coração e os órgãos genitais. Dentro da mala ou pasta, é aceitável. Ou então em bolsas não metálicas no cinto.
Rita Rocha

Sabias que...



A Igreja de Santo António que fica ao pé do jardim de Camões, virada para o rio, foi salva de ser destruída por um relâmpago muito forte que caiu sobre ela.

Contam as pessoas mais antigas de Macau que foi o Santo António, que se encontra num nicho no topo da igreja (não sei se alguém reparou!?), que utilizando o cordão atado à sua cintura, conseguiu sacudir o raio e assim salvar a igreja.



Helena Possolo

As receitas da Ti Mari




RECEITAS DE BOLINHOLAS

Macau, 15 de Setembro de 1872

6) BOLLINHOS
1 coco, ½ catte assucar 5 ovos gemas somente coze o assucar até que cake pronto ponha coco a cozer, depois cozido ponha a clara bem batido

7) BOLLO BRANCO

8 taeis de assucar rafinada, 2 porcelanas e ½ de farinha arroz, 11 gemas de ovos pouco manteguilha e coco.

8) BOLLO CARNE

4 arrateis de assucar cozido, 1 arratel de amêndoas, 1 coco, 1 arratel de manteguilha, 24 gemas de ovos 5 com claras 1 medida de rolão torrado, e especiarios, depois de estar frito se porá 1 folha de farinha para assar.


Receitas da TI Mari - Livro manuscrito no século 19, (com 138 anos) oferecido gentilmente pelos Confrades Florita Morais Alves e Victor Morais Alves, à Confraria da Gastronomia Macaense, da autoria da Senhora D. Francisca Alvez dos Remédios (Ti Mari).

enviado por: Luís Machado
Nota: As receitas aqui expostas são exactamente as que estão escritas nos apontamentos da senhora D. Francisca dos Remédios. Quanto à confecção das mesmas fica ao critério de cada um. Vá lá, puxem pela imaginação e cozinhem com paixão e não se esqueçam de nos informar dos resultados obtidos, combinado?