O jogo da nossa infância - Tálu

Talú, jogo viril, só para rapazes.

       Lembram-se de quantas goiabeiras mutilaram para fazerem os tók kêg (tacos) e os bastões do talú? O talú é jogado por rapazes, utilizando um tók kêg mais ou menos cilíndrico com cerca de 10 cm de comprimento, com as pontas afiadas e um bastão mais grosso com cerca de meio metro.
       Dividem-se em dois grupos de 4, 6 ou 8 elementos cada. Um dos grupos abre uma pequena cova no chão e coloca o tók kêg com as extremidades afiadas apoiadas nos bordos da cova, o outro grupo posiciona-se a uma distância de cerca de 10 a 15 metros.
       O jogador que vai iniciar o jogo, utiliza o bastão como alavanca introduzido na cova por baixo do taco e atira-o com toda a força em direcção ao grupo adversário, cujos elementos tentarão apanhá-lo no ar. Esta jogada é realizada com o jogador de cócoras e por vezes de costas voltadas para a cova em posições acrobáticas, cheias de estilo. Se um dos adversários conseguir apanhar o tók kêg com as duas mãos, soma 50 pontos, com a mão direita soma 100 pontos, em qualquer dos casos o atirador é eliminado e deixa de jogar, cedendo o lugar ao seguinte do mesmo grupo. Se conseguir apanhar o tók kêg com a mão esquerda, soma 200 pontos e todo o grupo do atirador é eliminado. (Percebem agora porque os esquerdinos eram tão cobiçados?)
       Caso nenhum jogador conseguir apanhar o tok kêg no ar, o jogador que o lançou, coloca o bastão no chão junto à cova e um jogador adversário tentará atingi-lo arremessando o tók kêg a partir do local onde o mesmo caiu. Esta jogada implica muita pontaria, mas a recompensa é grande porque se conseguir fazê-lo, o primeiro jogador será eliminado e substituído por outro do mesmo grupo. Caso contrário, o jogo continua com o 1º jogador que, com o bastão, irá bater numa das extremidades do tók kêg de forma a levantá-lo e com várias batidas tentará mante-lo no ar antes de o bater com força, atirando-o para longe. Mas atenção, se o adversário for suficientemente afoito e conseguir apanhar o taco no ar, o grupo do lançador perde e mudam-se as posições no campo. Caso contrário, o número de pontos conseguidos nesta jogada obtém-se multiplicando o número de batidas que o jogador conseguiu, mantendo o taco no ar antes de o atirar para longe, pela distância entre o local onde o taco caíu e o local de onde partiu. Esta distância é medida utilizando o comprimento do bastão.
       O jogo recomeça com o jogador seguinte do mesmo grupo e só termina quando se atinge o número de pontos previamente combinado, geralmente 1000 pontos.
       Aqui têm as regras deste jogo, que variam de bairro para bairro, mas em todos eles o Talú foi responsável por muitos vidros partidos e cabeças rachadas.

Texto elaborado com a colaboração de Orlando e Alfredo Badaraco, exímios jogadores de Tálu, no Bairro da Rua da Esperança. (Tap Siac)

1 comentário:

Anónimo disse...

Como eu gosto do pópó-txé vermelho e da sua condutora!
Interessante este jogo que eu desconhecia. "Aprender até morrer" é bem certo este ditado.Bjs
Isabel MAchado