Na noite da véspera da festa da Lua (pát-yut 15) as famílias chinesas e macaenses costumavam ficar à janela a apreciarem a Lua, porque nessa noite esta era maior, mais brilhante, mais redonda e mais bonita do que qualquer outra durante o ano inteiro.
Todas as famílias compravam caixas de bolo bate-pau (yüt péng) umas para oferta e outras para consumo pessoal.
As pastelarias que confeccionavam esses bolos e outros em forma de porquinhos, bem como os de amêndoas e as bolachas de amendoins, adornavam as lojas com reclames luminosos e com movimento, que faziam as delícias das crianças e dos adultos.
Os nossos pais também não se esqueciam de nós, os mais pequenos, compravam-nos os coelhinhos e as lanternas em várias formas, para que pudéssemos participar na festa.
As lanternas em forma de peixe, de borboleta ou de barco eram feitas de papel celofane vermelho e tiras de bambu.
O brinquedo mais cobiçado da noite era o "Coelhinho" ou o "Coelho mãe" com os dois filhotes, um de cada lado. Os coelhos eram feitos dum papel fino quase de seda, com uma armação em bambu e com quatro rodinhas de madeira e uma corda fina para que os pudéssemos puxar.
As lanternas e os “Coelhinhos” eram iluminados com uma vela acesa no interior.
Depois do jantar as famílias reuniam-se para apreciar a Lua e à medida que iam saboreando a ceia tentavam adivinhar as possíveis figuras que cada um via na lua.
A ceia era composta por várias iguarias, como o bolo bate-pau, inhame cozido (podia-se comer com açúcar ou simplesmente mergulhando num tempero feito com óleo cozido e sutate), pu lôk (pomelo), leng kóck e frutas variadas.
Nessa noite só se viam crianças a brincar rua acima e rua abaixo com os seus coelhinhos ou lanternas acesas.
Por vezes aconteciam "acidentes" quando o coelho se virava e se incendiava, ou quando os mais velhos, sempre à caça de coelhos, peixes, borboletas, utilizavam as fisgas para os derrubar.
As crianças perante estes "acidentes", choravam baba e ranho ao ver os seus queridos bonecos a arderem ou esburacados.
2 comentários:
Que saudades!
Tive um peixinho em celofane vermelho que aparece nas fotos de infância...
Isabel Machado
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