Em memória - Dr. Henrique de Senna Fernandes

O mês de Outubro viu nascer e partir o grande contador de histórias, professor e advogado, e, sobretudo, amigo, Dr. Henrique de Senna Fernandes.
Com que prazer lemos nós a “Trança Feiticeira”, “Amor e Dedinhos de Pé” ou os “Contos Nam Van”!
Macaense dos sete costados e orgulhoso das suas raízes portuguesas, chegou a afirmar que " Portugal é a minha pátria e Macau é a minha mátria", frase que subscrevemos na íntegra.

Obrigado, professor. Até sempre!

Boas Festas

Desejamos a todos um Feliz e Santo Natal e um Próspero Ano Novo 2012. 
Aproveitamos também para desejar um Bom e Auspicioso Ano do Dragão que se inicia a 23 de Janeiro de 2012. Kung Hei Fát Choi!

Festa de Natal


Realizou-se, no dia 10 de Dezembro, mais uma festa de Natal  dos PCBistas e respectivas famílias. Foi um almoço na Casa de Goa, em Lisboa, onde nos deliciámos com a gastronomia goesa genuína, tão do nosso agrado.
O repasto iniciou-se com umas entradas à maneira, seguidas de  caril de gambas e chacuti de vitela, terminámos com bebinca e doce de grão. Estava tudo óptimo.
Houve ainda sorteio de um cabaz de Natal, oferta do PCB, que calhou à sortuda Maria João, mulher do nosso amigo Zé Manel.
Foram, como sempre, momentos bem passados, obviamente, à volta de uma mesa.
O próximo encontro será a 29 de Janeiro para comemorarmos a entrada do Ano do Dragão Preto de Água, em local a anunciar. Estejam atentos.      


Saudações PCBistas!

Aniversariantes do PCB


Muitos Parabéns e as maiores felicidades!

Outubro - Teresa Xavier Anok, Flávia Silva Xavier, Nicolau Xavier, Alberto Pereira e Rita Rocha

Novembro - Rita Conceição Madaleno, Isabel do Rosário, Virgínia Badaraco Vieira, Isabel d'Andrade e Melo

Dezembro - Telma Rosa, Natércia Ferreira, Álvaro Andrade e Luís Machado

Macau - 62º Aniversário da implantação da República Popular da China

       Comemorou-se no dia 1 de Outubro o Dia Nacional e o 62º aniversário da implantação da República Popular da China.
       O programa oficial das comemorações do 62º aniversário da implantação da República Popular da China, na Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), abriu, formalmente, com a cerimónia solene do içar das bandeiras.

       A cerimónia decorreu pelas 08h00, na praça de Lótus Dourado, e deu início a uma série de actividades para assinalar o Dia Nacional. Depois de o Chefe do Executivo, Chui Sai On, e o secretário para a Segurança, Cheong Kuoc Vá, passarem em revista as forças de segurança perfiladas, incluindo operacionais do Corpo e banda da PSP, do Corpo de Bombeiros e Serviços de Alfândega, agentes da PSP transportaram e içaram a bandeira ao som do Hino Nacional.
       Entre os convidados presentes na cerimónia contavam-se Bai Zhijian, director do Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM, Hu Zhengyue, comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros na RAEM, Zhu Qingsheng, Comandante da Guarnição do ELP em Macau, Lau Cheok Va, presidente da Assembleia Legislativa, Sam Hou Fai, presidente do Tribunal de Última Instância, além de membros dos Conselho Executivo, deputados da Assembleia Legislativa, responsáveis dos serviços públicos, representantes de Macau na Assembleia Popular Nacional e na CCPPC e outras personalidades dos diversos quadrantes da sociedade, num total de mais de 300 pessoas.
       O Chefe Executivo deu depois início à prova denominada “Correndo em Comemoração do Dia Nacional e do Dia Mundial da Marcha”, organizada pelo Instituto de Desporto, que este ano contou com mais de 15 mil participantes.
       Entretanto, para além de uma recepção oficial organizada pelo Governo da RAEM, vários serviços públicos prepararam também uma série de actividades.
       Às 14h00, na Nave Desportiva dos Jogos da Ásia Oriental, um “Sarau Desportivo e Cultural do Governo da RAEM – Espectáculo Dinâmico de Grandes Estrelas”, evento organizado pelo Governo da RAEM com a colaboração do Instituto do Desporto.
       As comemorações estenderam-se pela noite dentro, com o Espectáculo de Acrobacia “Mundo de Fantasia da Cultura Chu”, às 20h00, no Fórum, realizado pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais e o Departamento da Cultura e Educação do Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM, para além da exibição das equipas da França e da China, às 21h00 e 22h00 horas, respectivamente, em frente à Torre de Macau, no âmbito do 23° Concurso Internacional de Fogo de Artifício de Macau, organizado pela Direcção dos Serviços de Turismo.

Gabinete de Comunicação Social em Macau

A implantação da República Portuguesa (5 de Outubro de 1910)


    A Implantação da República Portuguesa foi o resultado de um  golpe de estado organizado pelo Partido Republicano Português que, no dia 5 de Outubro de 1910, destituiu a monarquia constitucional e implantou um regime republicano em Portugal.
A subjugação do país aos interesses britânicos, os gastos da família real, o poder da igreja, a instabilidade política e social, o sistema de alternância de dois partidos no poder (os progressistas e os regeneradores), a ditadura de João Franco, a  aparente incapacidade de acompanhar a evolução dos tempos e se adaptar à modernidade - tudo contribuiu para um inexorável processo de erosão da monarquia portuguesa do qual os defensores da República, particularmente o Partido Republicano, souberam tirar o melhor proveito. Por contraponto, o partido republicano apresentava-se como o único que tinha um programa capaz de devolver ao país o prestígio perdido e colocar Portugal na senda do progresso.
Após a relutância do exército em combater os cerca de dois mil soldados e marinheiros revoltosos entre 3 e 4 de Outubro de 1910, a República foi proclamada, às 9 horas da manhã do dia seguinte, da varanda dos Paços de Concelho de Lisboa. Após a revolução, um governo provisório, chefiado por Teófilo Braga, dirigiu os destinos do país até  à aprovação da Constituição Portuguesa de 1911 que deu início à Primeira República, com a eleição de Manuel de Arriaga.
A Constituição de 1911 determinava que o Parlamento era formado pelos deputados eleitos pela população com mais de 21 anos que soubessem ler e escrever ou fossem chefes de família. De 3 em 3 anos, faziam-se novas eleições para o Parlamento.
Competia ao Parlamento, para além de fazer leis, eleger e demitir o Presidente da República que, só depois de tomar posse do cargo podia nomear o seu Governo de acordo com o partido que tivesse maior número de deputados no Parlamento. De acordo com a Constituição de 1911, o Parlamento era o orgão de soberania mais importante.
Entre outras mudanças, com a implantação da República, foram substituídos os símbolos nacionais: o hino nacional e a bandeira (de que falaremos na próxima edição).

Nossa Senhora da Conceição, a Padroeira de Portugal


Nas cortes celebradas em Lisboa no ano de 1646, declarou el-rei D. João IV, primeiro rei da dinastia de Bragança, que tomava a Virgem Nossa Senhora da Conceição por padroeira do Reino de Portugal, prometendo-lhe, em seu nome e no dos seus sucessores, o tributo anual de 50 cruzados de ouro.
Perante a imagem de Nossa Senhora da Conceição, ofereceu Portugal à Mãe Imaculada de Jesus, depondo a coroa real aos pés da Rainha do Céu que, doravante, seria também a Rainha de Portugal. Depois desse grande momento, os reis seus sucessores nunca mais puseram sobre a cabeça a coroa real, depositando-a sobre uma almofada, em ocasiões solenes.
O dogma da Imaculada Conceição foi definido, 200 anos depois,  pelo papa Pio IX, em 8 de Dezembro de 1854, pela bula 'Ineffabilis'.
O acto de coroar Nossa Senhora da Conceição como padroeira de Portugal, entende-se como forma de devoção e agradecimento à Virgem, pela protecção dispensada ao processo que conduziu à Restauração da nossa independência. Tal episódio teve lugar em Vila Viçosa, já que era lá que a casa de Bragança  tinha o seu solar mais importante.
Em 6 de Fevereiro de 1818, o Rei D.João VI concedeu nova benesse ao Santuário, erigindo-o cabeça da nova Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, agradecendo à Padroeira a resistência nacional às invasões francesas.
A Igreja Católica celebra a 8 de Dezembro o dia da Imaculada Conceição de Maria Santíssima. É uma festa que se situa no início do ano litúrgico, Tempo do Advento, iluminando o caminho da Igreja rumo ao Natal do Senhor.
Imaculada Conceição é um dos importantes títulos com que é venerada a Virgem Maria.

O meu primeiro contacto com o PCB - 2ª parte


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Uma constante durante todo o decorrer do evento está nas muitas fotografias que são tiradas, não só pela pessoa a quem está destinada aquela tarefa, como por toda a gente que vai munida de máquina fotográfica como se obcecadas estivessem por preservar cada um daqueles momentos, como se cada um deles fosse único e último e dessa forma, deve ficar registado através da fotografia. Fotografias são tiradas às pessoas quer em grupo, quer individualmente, ao espaço, a cada um dos pratos, a cada novo elemento que entra no cenário, para posteriormente serem seleccionadas e arquivadas por evento e data, desde as actuais até às reuniões anteriores que aconteceram desde que foi fundado o sítio oficial na internet do Partido dos Comes e Bebes. Essas comemorações que em parte se querem privadas, isto é, este grupo apresenta-se como um grupo fechado e não só para os “estrangeiros” como eu, mas para os próprios macaenses que por si só e por o serem não lhes dá acesso directo a estas festas, antes é necessário ser convidado a estar presente como se essa aceitação passasse por ter uma password de acesso. Talvez tenha sido a herança deixada pelo funcionalismo público ou apenas, e como eles dizem, “por brincadeira” o PCB tem um organigrama com a descrição das diferentes funções e a quem as compete desempenhar. Assim sendo, recorre-se ao topo para se obter essa aprovação e acesso a este universo que se quer “familiar”, “entre amigos”, no fundo, “privado” e com “identidades privadas”, mas sem o serem. Afinal, existe um website da Gente da Terra que é carregado e actualizado com toda a informação que diz respeito a este Partido dos Comes e Bebes. É a obsessão pelo registo do “privado” para depois o tornar “público”, dado a conhecer, ser recordado, como se se tratasse dos últimos macaenses, os últimos que fazem isto, os últimos que preservam a tradição, a língua, a gastronomia, os hábitos e os costumes e que por conseguinte, têm o dever de deixar estas memórias das suas memórias porque para lá deles “já nada disto passa”, tal como repetidas vezes me é dito.
À medida que a noite avançava o programa da festa ia sendo cumprido dentro do horário estipulado e tal como manda a tradição chinesa, por ocasião desta festividade, chegou a hora de cantar à lua. A canção da lua, em chinês romanizado, é cantada, tal como as anteriores canções, numa espécie de Karaoke improvisado, onde as letras das músicas estão afixadas em placards que se sucedem à medida que a música avança e perto dos quais foi, estrategicamente, colocada uma lanterna de papel em forma de coelho.  A Festa da Lua, explicaram-me, assinala o equinócio do Outono e é uma festividade chinesa comemorada em Macau com muito entusiasmo por todos os seus habitantes. A Festa da Lua tem a particularidade de estar associada ao Bolo Lunar, que em Macau é conhecido por bolo “bate-pau” por ser retirado “à paulada” das pequenas formas de madeira, que se oferece neste dia a amigos e familiares. Confeccionados com açúcar, ovos e farinha acinzentada ­ da cor da lua ­ estes bolos “bate-pau” são ainda recheados com sementes de lótus, amêndoas ou pinhões. O imprescindível ut péang ou bolo lunar (ou bolo “bate-pau”) apresenta na face superior, em alto-relevo, as imagens ou os caracteres que simbolizam o coelho ou a rã de três patas, personagens lendárias que habitam na lua. Segundo a tradição, em Macau na noite da Festa do Bolo Lunar, carregam-se lanternas pelas ruas em forma de coelho como sendo o principal símbolo desta festividade e como tal, também ali na festa do PCB o “coelhinho” tinha de estar representado.
A ceia foi servida e na mesa, estavam agora fruta, vários bolos lunares com diferentes recheios e outras sobremesas. Uma delas era uma espécie de sopa doce de feijão vermelho - hong tao sá - , muito apreciada entre os presentes, que se comia morna e já quando a noite ia avançada. Durante aquela “pausa” para cear e porque já havia menos gente na sala, era possível ouvir as muitas línguas que se misturavam nos diálogos daquelas pessoas. Para além do transversal português, com mais ou menos sotaque, ouvia-se falar o patuá, quando a conversa era de brincadeira e com muitas gargalhadas à mistura, o chinês (cantonense) mais fluente para  uns do que para outros, mas definitivamente não esquecido e usado como um código secreto entre eles, como ainda o inglês, que era naturalmente empregue sempre que surgia uma expressão ou um nome que não se soubesse pronunciar em outra língua que não a inglesa. Tal como me foi dito depois: “há uma maneira própria de falar entre as pessoas de Macau que é uma língua de trapos. É por brincadeira que nós fazemos isso e depois há umas expressões típicas que nós empregamos. Suponho que é mais por brincadeira que aqui, agora, se utiliza essa língua tripartida onde se misturam estas línguas todas. O cantonense, de facto, falamos e não esquecemos.”
Outro momento alto da noite foi a hora dos sorteios. Estavam a sorteio vários prémios simbólicos que iam sendo atribuídos à medida que o papel com o número correspondente era tirado à sorte de dentro da bolsa e por pessoas diferentes. Também aqui, o jogo da sorte e do azar está presente, quem é premiado recebe palmas e uma sessão fotográfica exclusiva. E assim se avança, até se chegar ao primeiro e mais cobiçado prémio. Decorrido o sorteio e distribuídos os prémios, dá-se lugar ao Karaoke. A participação era grande, apesar das resistentes não abrirem mão do microfone, as vozes femininas e masculinas faziam-se ouvir sem qualquer pudor em relação à afinação. A escolha pela próxima música era unânime de entre o vasto reportório que remetia para as lembranças dos tempos de juventude em Macau que reportavam aos anos 60 quando se ouvia Elvis Presley, Beatles, Ricky Nelson, entre muitos outros músicos anglo-saxónicos que eu não consegui identificar e se dançava o twist.
A festa foi ficando cada vez mais vazia e de cerca das 56 pessoas que ali tinham estado presentes naquela noite, restava agora pouco mais do que o grupo dos organizadores que começavam a arrumar a sala. Com a sala em ordem e os pertences guardados, a porta fechou-se, pairando nos seus rostos um ar de satisfação pela missão cumprida. 
MG

Rir é o melhor remédio

Unga vez, iou co iou-sa amiga já vai matinée na cinema Império. Cavá unga mosquito ( iou senti sã percevejo) já pica na costa di iou-sa amiga qui num pódi mais, já virá mám, coça vai coça vem. Quelora senti unga mám ajudá coça. Qui sabroso. Iou-sa amiga pensá sã iou, cavá torce costa falá:
- Aqui, mais aqui, aqui…
Acunga mám já acompanha, coça tudu vanda na costa.
Cavá, iou-sa amiga virá ôlo já olá iou-sa dôs mám tá na frente agarado na iou-sa mala.
- Ah! Sã quim tá coça iou-sa costa, num sã vôs?
Nôs virá cara olá sã quim. Sâm unga marinhero ngau sok!

Azinha azinha, nôs já guelá:
- Abusador! Maquiado! – Uncento di nome nosotro já chomá acunga diabo!
Istunga marinhero, já apanhá susto, fugí vai fora.
Cavá nôs papiá, coitado acunga marinhero, já pága bilhete nunca olá cinema.
Diveras num pódi tem bom coraçam.

Tradução
Numa sessão de cinema, a minha amiga foi mordida por um mosquito ( ou seria percevejo?). Aflita, virou o braço para trás e começou a coçar as costas. Sentindo que alguém a estava a ajudar nesta tarefa, convenceu-se que era eu, uma vez que estava sentada ao seu lado. Então, ia pondo as costas a jeito, indicando o sítio da picadela:
- Aqui, mais para ali, aqui...
Entretanto, repara que eu tinha as duas mãos sobre a carteira que repousava no meu colo e exclamou:
- Ah! Quem é que está a coçar as minhas costas, não és tu!?
Voltámo-nos para ver quem seria. Era um marinheiro português que estava sentado na fila de trás.
Perante o insólito, desatámos a gritar:
- Abusador! Malcriado! E uma série de nomes mais.
O solícito marinheiro, assustado, desatou a correr para fora do cinema.
Perante o susto do marinheiro, comentamos :
- Coitado do marinheiro, pagou o bilhete e não viu o filme até ao fim!
Realmente, não se pode ser prestável.
Júlia Gordo

Nómi doci di Macau

Macau
Qui nómi dóci pa lembrá
Quelóra longi iou ficá
Nómi qui Diós já ‘bençoá
Macau, pa iou
Macau, pa vôs!
Quím
Na estunga téra já nacê
Lilau-sa águ já bebê
Sã nádi pôde isquecê
Téra
Di nôsso dóci papiaçám
Di gente bom coraçám
Pa sempre
Macau, pa iou
Macau, pa vôs
Pa Nôs!
Macau
di côr alegre pa ismerá
Di tánto istória pa contá
Macau!
Macau, pa iou
Macau, pa vôs!
Quím
Na estunga téra já nacê
Lilau-sa águ já bebê
Sã nádi pôde isquecê
Téra
Di nôsso dóci papiaçám
Di gente bom coraçám
Pa sempre
Macau, pa iou
Macau, pa vôs
Pa Nôs!
Pa Tudo Nôs!
Letra de Miguel Senna Fernandes (1995), música executada e interpretada por Api
Versão em patuá da música "Aquarela do Brasil" composta por Ary Barroso)
Importante: É proíbido a reprodução para fins comerciais. Apenas para uso doméstico

(KARAOKE)   - clique aqui -   (CANTADA)

Recordâ sã vivê

         Divera sã, recordâ Sã vivê, tudo ancuza qui nosôtro já ôlá na tempo de quiança de cinco dez ano sã nádi isquecê, iou sentí qui permanecê istunga lembránça qui chegâ dia de morrê.
       Quelóra iou pequeno tem  vivo na bairro S. Lázaro,  Rua S. Miguel 19A, istunga vez sómente tem lembránça, casa velo, casa de iou sa avó, mãi de iou sa pápi, qui tem nóme Josefina, co alcunha de “I Châi”, capaz  fazê comida, bolo, tudo comizaina macaísta, edifício já non tem, somente tem unga foto de iou sa mamá colo iou na porta de casa, bom, dessá iou bota istunga foto aqui, otro foto sã ancuza qui agora tem, casa véla qui iou tem vivo na tempo de quiança agora sã unga edifício de cor verde já vélo.


       Iou tem vivo na Rua S.Miguel de nascê até seis anos, lôgo já mudâ vâi Mong Há, frente de cemitério Nossa Senhora de Piedade que já ficá nove mês assi tánto.
       Dessá iou cavá iou sa báfo de áde, contá cuza iou já olá quelóra quiança na istunga vanda de S. Lázaro, iou non tem fotografia antigu de Rua Eduardo Marques co Rua S. Miguel juntado, si vosotro querê olá pode vâi facebook “Antigas Fotos de Macau” bispa unchinho, somente tem qui gavatá três mil foto fora, iou sábi qui tem unga foto ui de bonito de istunga dôs rua.
       Na istunga foto únde tem edifício novo co letra china, na tempo antigu sã terreno qui tem somente pedra e erva, tudo dia de tarde tem pastor qui trazê ui de tánto cabra para comê erva, depois de comê, cabra descê de Rua Eduardo Marques e vâi embora na Calçada de Igreja S. Lázaro, dôs três cabra chegá porta de casa únde iou tem vivo, azinha vêm pastor chomá, lôgo animal ta vâi co ele ia.
       Iou sa titi Nanda depois de casá já vêm vivê co su marido na Rua Eduardo Marques frente de terreno qui cabra vâi comê.
       Descê unchinho assi tánto logo têm asilo de Misericórida de Santa Casa, gente qui chomá “Pó Chai Nhoc” qui também chomá na jornal “Old Ladies House”, istunga ficá na Calçada da Igreja de S.Lázaro.
       Na frente de asilo tem vivo Alice Rosário co su gente, Luísa Canavaro co su família, família Fazenda.
       Na Rua S. Miguel quelóra tem vivo quánto família macaísta, sã iou co iou sa gente, família Rocha, família Rosa, família Eusébio, más têm mãi de dôs padre, Kou Páck Choi co su família, um poliça co su família qui sábi qui nóme tem e mais china china.
       Iou pequeno nádi pódi sâi de casa, somente pódi brinca na varanda e quintal, bom na varanda quelóra tem tanto ancuza pa ôlá.
       Pramicedo vem padéro grita min pao, iou tem na lembrança istunga padéro china vélô công, curvado co sandália de sóla fino qui parecê papel amarrado co corda, quasi descalço já trazê pão e bolo de Volong.
       Quelora tudo gente guelá na janela ou varanda pa comprá ancuza, sã min pau, chü cheong fan, non sábi cuza más ia, china coitado, azinha corrê pa tudo vanda atendê tudo su freguês qui querê comê ante de vaî trabala, quiança quiança ta vâi iscóla.
       Tánto gente co cesto pindurado na janela, china bota ancuza qui l’ otro querê, péga na dinheiro qui já tem na cesto, lôgo chega ancuza qui querê, azinha pussá cesto vai riva.
       Min pau pichotito sã cinco avo cada, grándi são 10 avo, bolo bolo, má chai, tán sán sã 10/20 avo um.
       Sã dôs padéro qui vem vendê na bairro S. Lázaro, sã de Volong e ká Lán.
Na tempo antigu, gente tem sórti, comê ancuza fresco e bom, qui já fazê na hora, agora nosotro pódi papiá qui nosôtro tamêm comê ancuza fresco, somente nádi papiá qui sã gelado.
       China china ui di capaz trazê su ancuza pa vendê, sã tem gente cartá co pau qui sã tám cón co dôs cesto pindurado, tem gente botá armário, tem gente empurra carro de madeira co su montra, tamêm tem gente botá na cabeça riva, si vosôtro querê ólá, vaî pa nosôtro sa site (www.gentedemacau.com) gavatá unchinho, iou tem chapa botado com nóme de  “Simulação de Macau Antigu”, fotografia de áno 2003 e 2004 de bairro S. Lázaro qui china fazê festa pa recordaçám de tempo antigu e fazê vêm turista.
       Más tem china vendê galinha co áde, canja de chai ü, fruta, bredo de tudo laia, tau fu fá, mag ngá tóng, tén tén tóng, china gordo empura carroça co montra ta vendê ancuza de quinquilharia, iao ü , tau fu kóc fritado, canja dóci de feijão vermelo, chi má vu, aia! Iou já vem na iou cabéça, nosôtro sa querido cháchá, qui Juju co su mãi já fazê pa nosôtro sa festa já matá saudádi, tem tánto ancuza pa vendê, sün kéon co tudo laia laia.
       Quiança quiança brinca na rua, juga espada, senta bicicleta, juga chiquía, juga moeda, e tánto ancuza.
       Chega seis sete hora  tem ancuza triste, vem china pobre pedí, nádi pedí sapeca, sã pedí comida, batê porta de tudo gente, comida qui já ficá azedo tamêm querê, sentá na rua comê cuza já conseguí.
       Noite ta vêm, tórna têm ancuza vendê, vem jornal china qui atira riva na casa de gente, fei kei lám, caranguejo, catupá e Kau kei (Sorvegel) vendê su sorvete.
       Chega festa de bolo-bate-pau, vem quiança quiança juntado co su coelho de papel com candia cendido, vem de riva Rua Eduardo Marques pa básso, iou non sábi únde lotro ta vâi, iou nádi pódi sâi de casa.
       Istunga rua sã de calçada portuguesa, tudo de pedra pedra, si coelho virá câi, logo queimá, tem quiança goelá e chorá.
       Iou já papiá dia intéro bairro S. Lázaro, para quim nádi conhecê como pódi sábi como sã istunga bairro?, para gente qui sabi mata unchinho  saudádi si tem vivo fóra de Macau, assi más bom sã dessá iou botá dôs foto aqui.
       Bom, foto de calçada têm unga prédio antigu co torre, sã iscola Kung Kal, iscola católica, na lado de istunga iscola prédio vélo sã Rua Nova S. Lázaro, iou tamêm tem vivo na istunga rua, vosotro póde bispa na foto.
       Ancuza qui já sucedê na istunga vanda iou contá na edição de magazine qui torná vêm. 
       Istunga fotografia sã Rua Eduardo Marques co Rua S. Miguel juntado, já chegá depois de iou sa iscrita cavá ia, sã iou sa irmão Frederico Rosário qui batê istunga chapa pa iou.


Texto e fotografias de: Filipe Rosário
Fotografia de Rua Eduardo Marques e Rua S. Miguel, juntos de: Frederico Rosário     

Dificuldades de comunicação

A cena passou-se num balcão de atendimento de uma repartição pública, no início dos anos 70.
Chinês - Bom dia , néong-chai (senhora)! Mm kói nei thâi nghám ng nghám? (Por favor, verifique se está certo) - tratava-se de entrega de formulários.

Funcionária - Nghám sái la (tudo certo). Nêi yiu káu 2 có séong ( terá de entregar duas fotos)
Chinês - Hah? Nei yiu 2 có séong? (Quer duas fotos?)
Funcionária - Fái-ti-la. (depressa).
Ele sai resmungando, porque teve de ir até à Av. Almeida Ribeiro. À tardinha, voltou à Repartição Pública.
Chinês - Néong-chai, léng ng léng? (Senhora, as fotos ficaram bem?)
Funcionária - Caramba, cara de put-tâu (tacho),
quem quer tuas fotos?
Eu pedi-lhe para trazer 2 fotocópias, seu tarado….!
* fotocópia era uma palavra nova.

O jogo da nossa infância - Péng Péng Cói


    Péng Péng Kói, o jogo da carica

    Recordamos aqui mais um jogo da nossa juventude.
Trata-se de mais um brinquedo de confecção caseira, bastando para tal uma carica, um prego, um martelo (muitas vezes substituído por uma pedra) e um cordel.
   Primeiro que tudo é necessário achatar a carica, à martelada, até se transformar num disco. Em seguida, com o auxílio do prego, fazem-se 2 furos, na zona central, através dos quais se faz passar o cordel.
   A etapa seguinte consiste no afiar dos bordos do disco. Esta tarefa era realizada friccionando os bordos nos passeios de cimento, até se obter uma superfície cortante.
    Com o cordel montado e segurando nas duas extremidades, posicionando os dedos conforme se ilustra nas fotos, faz-se rodar a carica de forma a que o cordel se vá enrolando. Após este procedimento, manipula-se o cordel, afastando e aproximando as duas extremidades de modo a que esses movimentos contraditórios façam rodar a carica, ao mesmo tempo que o cordel se vai enrolando e desenrolando. Esta operação será tanto mais perfeita quanto maior for o sibilar provocado pela rotação da carica.
   O objectivo deste jogo de péng péng kói é conseguir cortar o cordel do adversário, o que se consegue com uma carica mais afiada e uma maior destreza no enrolar e desenrolar do cordel.
   Escusado será dizer que os acidentes eram frequentes, uma vez que a manipulação de um objecto cortante em rotação tem resultados imprevisíveis.

Bem-estar



Deitar-se e levantar-se muito tarde compromete o processo de eliminação de toxinas do organismo. Para além disso, entre a meia-noite e as 4h da madrugada, é a altura em que a medula óssea produz sangue, produção esta convém ser feita idealmente em sono profundo.

O processo de desintoxicação natural inicia por volta das 21h. É boa hora para relaxar, como ouvir música, p.e., em vez de se preocupar com outras coisas, como lavar loiça, p.e.

Sabias que


Tcheok-Tchâi-In
O bairro da Horta da Mitra ou em chinês Tcheok-Tchâi-In, que quer dizer jardim dos passarinhos, era conhecido pelas casas encostadas umas às outras separadas por apertadas ruas. Este bairro, abrangia todo o terreno que ia da antiga Rua de Pák-Tâu-Sán-Kai (Rua nova das cabeças brancas), actualmente, a Rua Nova à Guia, até ao Hó-Lán-In (jardim dos holandeses), ou seja, o Bairro de Wó-Long, sendo limitado a Norte pela Calçada do Gaio, por onde passava, na altura, a muralha que cercava a antiga cidade. A sua designação chinesa deve-se ao facto de existirem aí muitas árvores que serviam de poiso a milhares de pássaros.

Charlie Santos

Nesta edição vamos falar de Charlie Santos

Carlos Alberto da Silva Santos, mais conhecido por Charlie Santos e Canicha para a família e amigos.
Nasceu em Lisboa, filho de pai português (Sr. Arnaldo da Silva Santos) e mãe macaense (D. Maria Quevedo da Silva), terceiro de seis irmãos.
Em 1953 foi viver com os pais em Macau onde frequentou a Escola Infantil, tempos difíceis, não conseguindo comunicar em chinês, tinha uma vida muito solitária.
A sua maior alegria era quando a sua mãe dava uma mãozinha à avó e aos tios no Café/Restaurante Cecília, que era na altura frequentado pelos militares metropolitanos, onde ele podia brincar e falar em português.
Foi também no Cecília que começou a gostar de ouvir o "rock & roll" pois quando se ouviam Elvis, Pat Boone, Paul Anka, Connie Francis, os Platters, e outros mais.
A adolescência já foi bem mais alegre.
Estudou  na Escola Comercial Pedro Nolasco de 1961 a 1966 tendo como "hobbies" preferidos a música pop e a prática desportiva de Hockey em Campo.
No ano de 1966 conheceu o seu primeiro emprego no Hotel/Casino Estoril até ao dia 23 de Dezembro de 1967, altura em que imigrou para o Brasil, a bordo do navio MSV Tjitjalenka.
Quando criança, sonhava em ser um compositor de música "pop", como Paul Anka, Buddy Holly, Neil Sedaka, e outros mais.
Nas férias de Verão de 1963, com um violão adquirido em 3ª mão e com a ajuda de uma velha revista especializada, começou a aprender os primeiros acordes. Alguns meses depois, conhecendo apenas uns poucos acordes, já "inventava" algumas melodias com o violão.
Só em 1968, já no Brasil, finalizou a sua primeira composição, "All I Wanna Do is Cry", vindo finalmente a gravá-la pela 1ª vez em 1992. Também no mesmo ano de 92 compôs e interpretou o hino da Associação da Casa de Macau, intitulado Casa de Macau, uma canção muito apreciada pelas comunidades macaenses espalhadas pelo mundo fora.
Presentemente tem mais de 50 canções pop gravadas em CDs.
Sugerimos uma navegação ao interessante site do Charlie.

17 de Dezembro de 2011

  

As receitas da TI MARI


RECEITAS DE BOLINHOLAS
Macau, 15 de Setembro de 1872
9) CAKE
250 grs doces crystalizadas
250 grs de sultana
250 grs de corinteas
250 grs de cidrão e casca de laranja
250 grs de açucar
250 grs de farinha
250 grs de manteiga de lata
6 ovos
1 1/ colher de chá de B.Powder
1 copo de brandy
125 grs de açucar queimada
1 colher de sopa de mix spice

10) CUSCURÃO
1 catte de farinha, e 6 ovos, água e sal.

11) LADÚ
5 chupas de arroz pulú, (torrado feito em pós) 4 cattes de jagra ½
catte de pinhão torrado, 2 cocos um pouco de pimento pós.
Observações: chupa – do malaio chupaq, medida que equivale a um quartilho, 0,35 litro, medida antiga portuguesa. No Norte de Portugal é sinónimo de 0,5 litro.
Receitas da TI Mari - Livro manuscrito no século 19, (com 138 anos) oferecido gentilmente pelos Confrades Florita Morais Alves e Victor Morais Alves, à Confraria da Gastronomia Macaense, da autoria da Senhora D. Francisca Alvez dos Remédios (Ti Mari).
Nota: As receitas aqui expostas são exactamente as que estão escritas nos apontamentos da senhora D. Francisca dos Remédios. Quanto à confecção das mesmas fica ao critério de cada um. Vá lá, puxem pela imaginação e cozinhem com paixão e não se esqueçam de nos informar dos resultados obtidos, combinado?

Os caldos da minha mãe


Caldo da região "Chiu Jao"

Ingredientes:
Carne de porco ou entrecosto - 250g
Feijão branco seco - uma tigela ou à vontade
Hám Sin Chói - cortada às tiras grossas (à vontade)
Gengibre - 1/2 fatias
Água - 15 tigelas (qb)
sal - qb
Modo de preparação:
Demolhe o feijão branco de véspera.
Lave bem os ingredientes todos.
Num tacho coloque a água, o gengibre, a carne e o feijão e deixe cozer.
No fim de estar tudo cozido acrescente a hortaliça (hám sin chói) e deixe cozer por mais 5-10 minutos (fica ao critério de cada um). Tempere com sal e vinagre (facultativo).

Sirva quente e bom proveito!

Sabores do mundo

Numa das várias deslocações pelo Mundo e das mais recentes fui até à Holanda.
Não vou descrever este lindo país, como o escritor Ramalho Ortigão no seu livro “A Holanda”, mas apenas relatar factos ligados aos sabores da gastronomia de várias culturas, tais como: chinesa, holandesa, belga, italiana, turca, grega e portuguesa.
Deixei Portugal ainda de madrugada e aterrei no aeroporto de Schiphol pelas 11h30, em Amesterdão, onde a pista passa por cima da estrada. Caminhei pelos intermináveis corredores para levantar a bagagem e depois apanhar o comboio que me levou a Roterdão onde cheguei a horas de almoçar.
Por incrível que pareça, desta vez não levei o “fiel amigo” na bagagem! Mais tarde reconheci que fiz mal! Não voltarei a viajar sem levar o “fiel” por companheiro.
À saída da estação central de Roterdão, a minha filha perguntou-me onde queria almoçar.
Respondi-lhe: - no chinês!
Fora da China, é nesta cidade onde se come a melhor, a mais gostosa, a mais saborosa comida chinesa!
Levou-me ao restaurante “New Grand Palace”, a 200 metros da estação, que para minha surpresa, além de sermos os únicos não asiáticos, todos falavam cantonês!!!
Deliciei-me com vieira recheada; tja-cheung, folha fina de arroz com pão frito que é muito estaladiço e verdadeira delícia; crepes vegetarianos; chau-min de legumes; vegetais e tudo acompanhado de molhos próprios, além do molho de soja. Para rematar pudim de leite de coco, muito fresco, que colocam na mesa no início da refeição.

Rodapé Gastronómico


Restaurante A Meia Gaiola
Comida caseira, tipicamente portuguesa, situado entre Carcavelos e Parede mais propriamente na Rebelva. Tem como pratos fortes a mão de vaca, o cozido à portuguesa, a dobrada com feijão branco, o arroz de pato, o bacalhau, peixe e carne grelhados no carvão, etc. etc.
Vale a pena fazer uma visita.
Estrada da Rebelva, 486
2775-726 Carcavelos
Tel: (351) 214 578 276
Encerra à terça feira.

Bom regresso


Regressados de umas merecidas e retemperadoras férias de verão, apresentamos a 3ª edição do Magazine PCB.

Aqui deixamos mais testemunhos, histórias, relatos e curiosidades, sempre com o propósito de informar e divertir.

Desejamos a todos a continuação de um bom ano de trabalho.

Boa leitura!




Aniversariantes do PCB

Muitos Parabéns e as maiores felicidades!


Julho - Fausto Manhão.

Agosto - José Manuel Silva, Rigoberto do Rosário, Manuel Ferraz e Isabel Machado.

Setembro - Maria João Santos Ferreira, Filipe Rosário e Edith Lopes.

Festa de aniversário da fundação do PCB e do site


       Mais um aniversário, mais uma festa! 
       O PCB festejou no dia 9 de Julho o 4º aniversário do site www.gentedemacau.com e o 9º aniversário da constituição do Partido, com uma festa (dois em um) em que compareceram os membros fundadores, os amigos colaboradores e respectivas famílias.
       Houve comizaina maquista, confeccionada pelo “Âvo” e demais “Chefs” do nosso grupo e cantorias que, embora ensaiadas no momento, surtiram o efeito desejado. Foi só começar e de imediato, as quadras foram surgindo do fundo da memória de cada um, juntando-se à lenga lenga inicial.
       Foi uma tarde à PCB, animada e bem passada.

Viva o PCB!

Festividade do bolo lunar



       A festividade do Bolo Lunar tem lugar no décimo quinto dia do oitavo mês lunar, normalmente no mês de Setembro. Esta festividade é também conhecida como a Festividade de Médio Outono e ainda como a Festividade da Lanterna, pelo facto das crianças levarem lanternas enquanto observam a Lua. Estas lanternas têm formas tradicionais tal como coelho, peixe (Carpa), borboleta, lagosta e fruto estrelado (carambola), contudo, nos dias de hoje, surgem lanternas com formas de avião, foguete e barco. Sinais dos tempos.
       Conta a lenda que, numa manhã mágica, apareceram nos céus, dez sois. Este facto levou a um terrível aquecimento da Terra e conduziria brevemente a uma seca imensa e à extinção de toda a humanidade. Preocupado, o Imperador deu então instruções ao seu Divino Arqueiro Hou Yi para abater nove dos dez sois.
       O arqueiro cumpriu exemplarmente a missão que lhe foi confiada e como recompensa pelo seu enorme feito, recebeu o elixir da vida. Receosa com a possibilidade de Hou Yi se transformar num tirano, Chang-O, a sua bela esposa, furtou e bebeu o elixir. De imediato flutuou saindo pela janela. Hou Yi tentou alcançá-la, mas não conseguiu. Entretanto, viu o coelho Jade, animal de estimação da sua esposa, sentado na varanda a olhar para ela. Agarrou nele e atirou-o em sua direcção, para que ela não ficasse sozinha onde quer que fosse. Chang-O conseguiu agarrar o seu coelho Jade e ambos flutuaram em direcção à Lua, onde ainda hoje vivem.
       Assim, quando olhamos para a Lua na noite da Festividade do Bolo Lunar, podemos ver a bela Chang-O dançando no seu gélido Palácio e o Coelho Jade fazendo o elixir da imortalidade. Diz o povo que nessa noite podemos pedir um desejo a Chang-O.
       Outra lenda ligada à Festividade do bolo lunar, leva-nos ao século XIV quando os chineses eram governados pelos Mongóis. Naturalmente, inconformados com este domínio estrangeiro, planearam uma rebelião.
       Mas as reuniões eram proibidas e era impossível convocar as pessoas para a revolta. Contudo, Liu Fu Tong, um revolucionário patriota, concebeu um plano para espalhar a palavra da revolta contra os Mongóis.
       Confeccionou milhares de bolos em forma de Lua recheados com pasta de semente de lotus e obteve autorização do imperador mongol para os distribuir pelos seus conterrâneos chineses. No recheio, ia também uma mensagem escrita em papel, com os planos da revolta, que acabou por ser bem sucedida, dando origem à dinastia Ming e também, possivelmente, à tradição de se oferecerem bolos lunares por ocasião da comemoração da Festividade do Bolo Lunar.
       Seja qual for a explicação para esta Festividade e para o ritual da oferta dos bolos lunares, é uma oportunidade para observarmos a lua e recordarmos os amigos e os familiares.