Festa da Primavera

     Mais uma festa, mais uma enchente, mais uns momentos de são convívio, acompanhados de boa comezaina, muita cantoria e bailarico q.b.
     Foi no dia 5 de Maio, data escolhida para festejarmos a Primavera, que surgiu muito envergonhada.

     Tivemos ainda o prazer da companhia de dois grupos de jovens, os amarelinhos e os vermelhinhos, assim trajados para uma fácil identificação. 

     Foi uma festa animada, com a presença do porco balichão tamarindo, caril de ngau nam, frango com cogumelos chineses e castanhas, minchi, lacassá, lo pak kou, chilicotes e o imprescindível chu cheong fan, entre outras iguarias.

     Para sobremesa tivemos a famosa bebinca de leite, mousse de chocolate, tai choi kou, mousse de manga, nó mai chi e muita fruta, em tabuleiros, engenhosamente decorados por mãos de anéis. 

     Tudo isto bem regado por uma deliciosa sangria.


     Cantámos, a plenos pulmões, o nosso hino do PCB, Macau sã assi, Aqui bôbo e Macau terra minha, a que se seguiu o bailarico, tendo os cotas dado cartas nesta actividade.

     Terminámos a noite com a língua de fora, mas com a convicção de que valeu a pena.

     Agradecemos a todos os que se disponibilizaram e colaboraram na concretização deste evento, antes, durante e no fim da festa, desmontando as mesas e arrumando a sala, tarefas que os achaques da idade já não nos permitem, sozinhos, dar conta do recado.
     Marcamos encontro para a Festa da Lua, a 29 de Setembro e contamos com o apoio de todos.
Até breve!                                Vejam as fotos em (www.gentedemacau.com).

Aniversariantes do PCB

Muitos Parabéns e as maiores felicidades!



Abril - Helena Possolo, Joel Anok
Maio - Miguel Senna Fernandes
Junho - Manuel Vieira

Templo de A-Má (Macau)

O Templo de A-Má, que se localiza à entrada do Porto Interior (no extremo-sul da Península de Macau), a meio da encosta poente da Colina da Barra, já existia antes da própria Cidade de Macau ter nascido. Especula-se que o templo foi construído pelos pescadores chineses residentes de Macau no séc. XV, para homenagear e adorar a Deusa A-Má (Deusa do Céu), chamada também de Tin Hau, Mazu ou Matsu. Esta divindade taoísta é muito venerada em todo o Sul da China e em várias partes do Sudeste Asiático e é considerada como a protectora dos pescadores e marinheiros. Crê-se que os portugueses desembarcaram pela primeira vez em Macau, possivelmente no ano de 1554 ou 1557, precisamente à entrada do Porto Interior, também chamada pelos pescadores chineses de "Baía de A-Má". Segundo as lendas do séc. XVI, o nome da Cidade deriva precisamente da palavra em cantonense "A-Má-Gau", que significa literalmente Baía de A-Má.
O Templo de A-Má está incluído na Lista dos monumentos históricos do "Centro Histórico de Macau", por sua vez incluído na Lista do Património Mundial da Humanidade da UNESCO. Pode-se considerar que este templo é o símbolo máximo da cultura chinesa em Macau.
É composto pelo Pavilhão do Pórtico, o Arco Memorial, o Pavilhão de Orações, o Pavilhão da Benevolência, o Pavilhão de Guanyin e o Pavilhão Budista Zhengjiao Chanlin, cada um disposto harmoniosamente com o ambiente natural circundante e contribuindo para a beleza do conjunto.
Cada pavilhão é dedicado ao culto de uma divindade chinesa, algo que torna o templo um exemplo singular das diversas influências da cultura chinesa, passando pelo taoísmo, confucionismo, budismo e pelas diversas crenças populares.
Os pavilhões datam de épocas diferentes, sendo a configuração actual datada de 1828.
O Pavilhão das Orações, também conhecido por "Primeiro Palácio da Montanha Sagrada", foi construído em granito no ano de 1605 e restaurado no ano de 1828, como indica uma placa de madeira na sua entrada. Este pavilhão, com telhado verde de beirais decorativos de pontas levantadas e janelas com grades, é dedicado à deusa dos navegantes, Tian Hou.
O Pavilhão da Benevolência, de telhado verde semelhante ao do Pavilhão das Orações, data de 1488, pensando-se que pertence à estrutura original do templo. Durante a sua construção, para além de usar granito, foi usado também tijolos. É um pavilhão de menores dimensões, tirando proveito do declive natural da Colina da Barra.
Um pouco acima, na mesma colina, encontra-se o Pavilhão de Guanyin, construído em tijolo. A data da construção deste pavilhão é desconhecida, mas conhece-se a data da sua restauração que foi realizada no ano de 1828, como indica uma placa de madeira na zona da sua entrada.
O Pavilhão Budista foi também restaurado no ano de 1828. É de maior dimensão e mais refinado em termos dos pormenores arquitectónicos. Possui um santuário dedicado à deusa dos navegantes, com uma estrutura de quatro pilares, assim como uma área de retiro. A fachada é ornamentada com uma porta em forma de lua, com esculturas de várias cores a decorá-la.
O Pavilhão do Pórtico foi construído em granito, com cerca de quatro metros e meio de altura. Possui decorações representando animais em cerâmica nos beirais do telhado de pontas levantadas e noutras secções. Perto da sua porta principal, guardado por um par de leões em pedra, encontra-se o Arco Memorial que conduz os crentes ao Pavilhão de Orações, que se encontra em frente ao Pavilhão da Benevolência. O Arco e estes 3 pavilhões encontram-se alinhados no mesmo eixo.
Texto tirado da Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Templo_de_A-M%C3%A1_(Macau)

José dos Santos Ferreira (Adé)

     José Inocêncio dos Santos Ferreira, mais conhecido por "Adé", dedicou grande parte da sua vida à divulgação do crioulo macaense, o patuá. Entre outras actividades, foi um grande amante do desporto, organizou e dirigiu campeonatos e torneios de diferentes modalidades, foi fundador e dirigente do Hoquei Clube de Macau, Associação de futebol de Macau e Conselho de Desportos.
     Colaborou na generalidade dos jornais portugueses editados em Macau, e ainda no “China Mail” de Hong Kong e na Agência “Associated Press”.      Mas é a sua faceta ligada à divulgação do patuá que nos importa realçar aqui.
     Deixou uma vasta obra composta de poemas, peças de teatro, livros, programas radiofónicos, canções, récitas e operetas em patuá, que também ensaiou e dirigiu.      Macau Sã Assi e Aqui Bobo, com letra de sua autoria, constituem autênticos hinos, cantados nas festas do PCB.
Fotografia: cortesia de António Lobo da Silva

Dia de Portugal (Camões)

Nôs ta perto chegá dia
De olá Camões, nôs sua péta;
Sã dia de alegria,
Qui pa tudo sã de festa.

Macau lôgo celebrá
Su dia de Portugal.
Quim corê, quim ta papiá,
Quim ravirá pinheral.

Qui cristám, qui china-china,
Nuncassá sai vai escola;
Nhu-nhúm non têm oficina,
Corê rua gastá sola.

Non têm cristám qui non sabe,
Quim sã Luís «Cacái» Camões,
Non têm posia más suávi
Qui posia de Camões.

Autor: José Inocêncio dos Santos Ferreira (Adé) e  Fotografia: Cortesia de Miguel Senna Fernandes

Cardápio da Semana Cultural em Macau

Apresentamos aqui um cardápio com os preços praticados durante a Semana de Macau, realizado no Casino Estoril de 19 a 26 de Março de 1983.


Cardápio
ENTRADAS
APA-BICO ··············································································  150$00
BEBINGA DE NABO ·································································  150$00
CHILICOTE ············································································  150$00
CHAY CHAY FARINHA DE ARROZ ··············································  150$00
SOPAS
SOPA DE LACASSÁ ··································································  180$00
CALDO DE “LIN NGAU” = RAIZ DE LOTUS COM ENTRECOSTO ········  180$00
MARISCOS E PEIXES
CASQUINHAS DE CARNE DE CARANGUEJO À MACAU ·····················  670$00
CHAU CHAU DE CHOCOS ···························································  670$00 CAMARÕES RECHEADOS À MACAENSE ········································  1050$00
PEIXE GUIZADO COM REPOLHO ··················································  720$00
CARNES E AVES
GALINHA CHAU CHAU PARIDA (gengibre e açafrão) ·······················  680$00
PORCO BALICHÃO TAMARINHO COM ARROZ CARREGADO ··············  720$00
MINCHI COM BATATISTAS FRITAS ···············································  720$00
BIFE TERESA À MACAENSE ·························································  750$00 SOBREMESAS
BEBINGA DE LEITE ··································································  160$00 REBUÇADOS DE OVOS ······························································  160$00
BAJI ·····················································································  160$00 SARANSURÁVEL ·····································································  160$00
BATATADA ·············································································  160$00

Receita de Apabico

- “Vôs qui fui lô falá asnéra, me? Quando eu têm 7 ano, Mãi mandá vai confessá, e si eu virá cara na Elevação, lô sinti unga chubidela, nem pode grita aiô, gente lô uvi”.
- “Porquê? Então não temos os Papos d’Anjo” e as “Maminhas de freira”!?
- “Nôs chomá Pao de leite, más decente”!

O Ap-abico, muito popular nos chás de aniversários é uma adaptação do “Tim-sam pau” chinês, feito com uma massa de farinha de arroz, um recheio de porco picado, mui chói (hortaliça salgada), cebola e orelha de rato (algas), tudo cozido em banho-Maria.

RECEITA
2 molhos de “chon chói” (hortaliça salgada)
½ libra de carne de porco
3 cubos de “yu deu fu”
2 cebolas cortadas (tai yok Chung)
1 onça de camarões secos (há mâi)
Mistura de sutate, sal e pimenta
2-3 colheres de banha
2 copos de farinha “tan tan”
2 colheres de banha
2 chávenas de água
Um pouco de sal.

Modo de Preparação
Lava-se bem a “chong chói”, picando-a, bem como a carne de porco e o “yu deu fu”. Lavam-se os camarões e deitam-se numa tijela em água a ferver, de modo que se cubra, a fim de amolecerem. Em banha quente fritam-se as cebolas (tai yok chung) durante um minuto, e depois a carne de porco, durante cinco minutos, temperada com um pouco de sal e pimenta.
Mistura-se depois a “chong chói”, fritando-a por alguns minutos e mexendo-a de vez em quando. Deita-se um pouco mais de água para cobrir os camarões secos e sutate, deixando a fogo lento até os camarões ficarem tenros. Deita-se o “yu deu fu” e coze-se durante 10 minutos, misturando bem. Devem-se reservar duas colheres de molho para se ir misturando com o recheio a fim de que não fique demasiado seco e fique todo igual.
PASTEL: ferve-se a água com banha e sal e, quando estiver a ferver, deita-se farinha e com um par de “faichi” mexe-se com rapidez até que toda a farinha seja absorvida pela água. Tapa-se e deixa-se cozer bem. Depois de 10 minutos, deita-se a pasta numa tábua e amassa-se até ficar macia.
Tomam-se bocados do tamanho duma noz. Embrulham-se e faz-se um buraco no centro e reduz-se às dimensões duma e duas polegadas, dando-lhe a forma dum pequeno copo. Deita-se uma a duas colherinhas de recheio, fechando as extremidades e fazendo um bico.
Colocam-se os apa-bicos num crivo, que não seja de latão. Numa caçarola com um pouco de água (um quarto cheia) coloca-se uma tampa com um buraco ao meio e sobre esta coloca-se o crivo, deixando cozer em banho-maria durante meia hora. Haja cuidado em que a água não atinja os apa-bicos, caso contrário estragar-se-ão. Com as mãos humedecidas em água tiram-se um a um, com cuidado, os apa-bicos e servem-se muito quentes.

Esta receita de APABICO foi tirada da Semana Gastronómica Macaense, realizada em Março de 1983, em Macau, e coordenada pelas chefes de cozinha D. Aida Jesus e D. Alice Pinto Marques.
Cortesia de Carlos da Silva Manhão

Os Santos Populares

Junho é o mês das Festas dos Santos Populares: Santo António a 13, São João a 24 e São Pedro a 29. Um pouco por todo o país, com maior destaque para Lisboa e Porto, marcam presença os arraiais, as marchas, as sardinhas assadas, os manjericos  e as quadras populares e os fogos de artifício.
 Santo António ( Fernando Bolhão) nasceu em Lisboa e faleceu em Pádua  a 13 de Junho. O ponto alto das celebrações em Lisboa é marcado pelo desfile das Marchas Populares ao longo da Avenida da Liberdade,  uma competição entre bairros,  extremamente mediatizada. Homens e mulheres em traje de festa desfilam pela avenida segurando arcos festivos enfeitados com flores e balões de papel, cantando e dançando para defender o seu bairro com “orgulho e alegria” e  com a bênção de famosas madrinhas.
A 24 de Junho é a vez de S. João, padroeiro da cidade do Porto.  Foliões passeiam-se nas ruas com o alho porro e martelinhos  de plástico, comem-se sardinhas assadas e compram-se manjericos,  cada uma com a sua quadra alusiva ao evento. Nos céus brilham os típicos balões de S. João.
 A festa começa na Ribeira e espalha-se por todos os bairros com animados bailaricos, terminando ao nascer do dia com um banho de mar na Foz. À meia-noite, as atenções viram-se para a ponte D. Luís I para o já famoso fogo-de-artifício.
    S. Pedro, cujo nome verdadeiro era Simão, pescador nos mares da Galileia, é homenageado pelas comunidades ligadas à faina piscatória que o adoptaram como seu santo protector. A procissão e a bênção dos barcos marcam o início desta festividade.

Uma breve história sobre a filosofia da alimentação chinesa

Os conceitos de Ying e Yang desenvolvidos pela medicina tradicional chinesa são empregados na área da alimentação e do preparo dos alimentos como base da dietoterapia chinesa.
Acredita-se que os alimentos classificados como Yang aumentem o calor do corpo (acelerem o metabolismo, enquanto os alimentos Yin diminuam o calor do corpo (desacelerem o metabolismo).
Em geral, os alimentos Yang são altamente energéticos, especialmente ricos em energia proveniente das gorduras, enquanto os alimentos Yin costumam ter uma percentagem maior de água.
O ideal chinês é comer dos dois tipos de comida para manter o corpo em equilíbrio. Uma pessoa que coma em demasia alimentos Yang pode sofrer de acne e mau-hálito, enquanto uma pessoa com falta de alimentação Yang pode se tornar letárgica ou anémica.
Alguns alimentos são considerados como especialmente dotados de propriedades curativas ou revigorantes.
Os Cantoneses atribuem uma grande importância à reacção do corpo aos alimentos. No Cantão a prática da terapia alimentar chinesa está incorporada no cotidiano de muitas pessoas.
Os alimentos são classificados de acordo com estes efeitos, e a dieta individual é ajustada de acordo com as condições físicas de cada um segundo a avaliação da medicina tradicional chinesa. A seguir, uma lista de classificação dos alimentos comuns.
Texto tirado da Wikipédiahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Cant%C3%A3o

Rir é o melhor remédio


    Otrora na Macau tem unga nhum chomá Calito. Sã bom gente. Ui di saiang ele-ça pai cum mai já morê, pinchá estunga dôs filo ongsong ongsong.  Calito já buscá unga serviço  pa fazê. Corê  rua cum su lata di terno terno vendê bolo de unga  nhonhonha ui di capaz fazê  bolo. Num tem gente qui num sabi quim sã Calito. Saiang sã unchinho toc-toc.  Ui-di gostá bebê.     
Unga dia iou já chomá Calito pa comprá quanto bolo.   Acunga mufino, rancá ôlo pa iou, já guelá di basso na rua.     
- Uví, nhonha, num bom comprá, mona! Ui di  porca, bacia de lava pé fazê ça.    
Diveras toc toc acunga Calito. 

Júlia Gordo

O jogo da nossa infância

Os cinco saquinhos ou 5 saco.
Trata-se de um jogo para meninas, utilizando cinco saquinhos feitos de pano colorido e cheios de arroz ou feijão. Actualmente, os saquinhos são vendidos em caixinhas, perdendo-se o prazer de os confeccionar de forma personalizada.

O jogo é constituído por duas etapas. A 1ª etapa inicia-se atirando os cinco saquinhos ao ar de forma a caírem sobre a mesa separados uns dos outros. Caso fiquem dois ou mais sacos sobrepostos, o jogador perde a vez (este é o procedimento que inicia todas as provas). Seguidamente escolhe-se um dos sacos e atira-se ao ar. Enquanto este sobe, apanha-se um dos sacos que ficou na mesa e recolhe-se de imediato o saco lançado ao ar, antes do mesmo cair sobre a mesa. Repete-se até serem recolhidos, um a um, os restantes sacos que ficaram sobre a mesa.
As 3 provas seguintes consistem na mesma operação, recolhendo dois sacos de cada vez, depois um saco e os três restantes e finalmente os quatro de uma vez.
Terminada esta etapa, passa-se à etapa das flores. Dada a sua enorme variedade, apenas se exemplificam três delas:
Agulha: atiram-se os cinco saquinhos ao ar de modo a que caiam sobre a mesa separados uns dos outros. Escolhe-se um dos saquinhos e atira-se ao ar. Enquanto o saquinho sobe, agarra-se um dos sacos que ficaram na mesa com o polegar e o dedo médio, formando uma argola, por entre a qual, o saquinho que foi atirado ao ar terá de passar no seu trajecto descendente. Em seguida atira-se ao ar o saquinho que ficou na mão e repete-se o processo, fazendo passar todos os saquinhos pela argola, tendo o cuidado de os colocar o mais junto possível uns dos outros, após passar pela argola, isto, porque esta prova termina atirando ao ar o último saquinho que fez a argola e de uma só vez agarrar os quatro saquinhos e recolher na queda o saquinho que foi atirado ao ar.
Pega e larga: Com os cinco saquinhos atirados sobre a mesa, lança-se um deles ao ar e enquanto o saco sobe apanha-se um dos saquinhos que ficaram na mesa e recolhe-se o saquinho no seu movimento descendente. Com os dois saquinhos na mão atira-se um deles ao ar, larga-se o outro sobre a mesa e a apanha-se outro a tempo de recolher no ar o saquinho atirado.
Repete-se a operação até se terem lançado ao ar os cinco saquinhos. Ao lançar o último dos cinco saquinhos ao ar, agarra-se de uma só vez os quatro saquinhos que ficaram sobre a mesa e apanha-se o saquinho atirado ao ar no seu movimento descendente. 
Gaiola: Faz-se a gaiola com o dedo polegar e o médio da mão esquerda apoiados sobre a mesa.
Para abrir a gaiola, atira-se ao ar um dos cinco saquinhos espalhados sobre a mesa, dá-se uma palmada na mesa e recolhe-se o saquinho atirado ao ar.
De seguida atira-se de novo o saquinho ao ar e com a mão direita empurra-se um dos saquinhos que estão sobre a mesa para dentro da gaiola e recolhe-se o outro saquinho no seu movimento descendente. Repete-se esta operação até passarem todos os restantes saquinhos para dentro da gaiola.
Fecha-se a gaiola da mesma forma como se abriu. Finalmente, volta-se a atirar o saquinho ao ar e recolhem-se os restantes quatro que ficaram sobre a mesa, já sem a gaiola feita com a mão esquerda, recolhendo depois o saquinho que foi lançado ao ar.
Após a etapa das flores, passa-se à pesagem, ou seja, a fase de contagem de pontos.   
Colocam-se os cinco saquinhos nas costas da mão, atiram-se ao ar e tenta-se recolher agarrando-os por cima com a mesma mão. Ganha o jogador que conseguir agarrar o maior número de saquinhos.

Recordâ sã vivê

       Iou ta vivo na Bairro S. Lázaro casa de avó-mãi, mamá de iou sa pápi, istunga casa têm dôs andar, sã gudám, andar de riva, têm varanda, têm unga grándi quintal na vanda traz, otro quintal na logar úndi têm poço, istunga casa antigu sã ficá na Rua S. Miguel, lado lado de istunga rua têm Calçada da Igreja S. Lázaro, Calçada Central da Igreja S. Lázaro, más têm na riva Rua Sanches Miranda, logo tem básso Rua S. Roque.

       Dessá iou botá foto pa ólâ como têm Rua S. Miguel de hozi qui já virâ bairro histórico.
       Logo têm na su dôs vanda isquerdo co direito Calçada de Igreja S. Lázaro, Calçada Central de Igreja S. Lázaro.

       Na istunga isquina pramicedo tem padéro de Vo Long, velô kong qui cartá co tám cóm dôs armário de vidro, trazê pão co bolo bolo china europeia (sâi péng), na su diantéra vem unga siára vendê chai ü fá sang cheock (canja de peixe seco) co iau chal kuai, istunga siára trazê fogão de carvão co unga panelão de canja, unga armário de vidro com tijela co tudo ancuza pa champurâ co canja.
       Casa antigu úndi iou já ficá quelóra iou quiança já non têm, têm unga casa nova de cor verde, vosôtro pódi bispa na fotografia úndi iou pápia de padéro.
       Na istunga dôs isquína tem siúm de mag ngá tóng, gente qui vendê ancuza frito, tau fu fá.

       Iou já papiá na Magazine de PCB Março 2012, iou ta vâi iscrevê na edição de Junho, qui cuza vendilhão trazê vêm vendê, qui cuza já comprá e cuza fazê.
       Iou cavá mostra unchinho foto, dessá iou contá qui cuza nosotro fazê co pack choi qui comprá na porta de casa.
       Iou sa mãi co quiada logo ólâ vendilhão de bredo logo chegã, azinha goelá forti chomá, pirguntá como vendê pack choi.

       Lôgo sábi quanto custá, lôgo pirguntá têm dôs cesto cheio nádi, comprá tudo más barato nunca, vendilhão, iou sa mãi, quiada, papiá vâi pápia vêm, dôs lado pegá na pa tcheng ta pesa pack choi, pesa tudo cesto, três siára papiá co voz forti, págâ cuza comprá, trazê tudo vêm casa ia.
       Passá unchinho assi tánto tempo, campainha de casa tocá, sã três aporona qui vêm, tudo vêm co cesto cheio de pack choi, cinco siára raganhado, pack choi já intrá casa, vendilhão já cartá cesto co tám cóm pa dentro de casa.
       Pack choi têm qui ficá bem lavado, mamá co quiada já lavá bem feto co balde balde de águ, águ inchido na balde de madeira grándi. Sã têm qui ólâ pack choi si têm bicho nádi, si tem fólia podre nunca, si têm areia nádi. Ólâ tudo bem feto, pegá pack choi gongchong gongchong dentro de balde co água, sacudí co fórça, têm qui lavá três vez, assi tánto ia.
       Logo tem pack choi lavado, mãi pegá panelão botá águ ferver, águ bem fervido, quente qui quente, pack choi lôgo ficá bem iscaldado, dessá corrê tudo águ vâi, botâ varanda fóra pa secá co sol.
       Assi, quiada lavá pack choi, iou sa mamá iscaldá, dôs juntado botá pack choi na varanda secá, iou j’ólâ, iou sa irmão ta durmí.
       Pack choi vâi pramicedo pa varanda, vem quasi noite pa dentro de casa, sã botá na córda e bambú pa pindurá, sã tem qui ficá seco bâsso de sol, três quatro dia assi tánto ia, si chuva ta vêm, azinha recolê, pack choi já seco, já virá choi kóng, seco qui seco, guardado na lata lata, si nádi gastá tudo tem qui botá outra vez básso de sol pa secâ más, assi nádi cria bolor.
       Choi kóng sã pa fervê caldo co carne porco, tem quim cozê co pulmão de porco, figo seco, nán hang pât hang, tem gente botá ló hóng kó, falá qui sã peitoral.
       Bom, falá cuza tamêm bom ia, iou sentí somente bom justo tomá, logo engolí tudo são assi tánto tempo bom ia.
       Sete cesto grándi de pack choi já virá choi kóng, ta guardá dentro de três lata de bolacha grándi, nádi ólã sã divéra nádi crê.
       Istunga três vedilhão cavá vendê tudo pack choi, contente qui non pódi más, abri unga pateca já comê na porta de casa, logo já dessá ficá casca de pateca na porta sa frente.
       China china ui de capaz trazê su mercadoria, tem gente trazê co carroça, tem gente cartá co tám cóm dôs cesto, tem gente cartá armário co tám cóm, otro cartá balde co tau fu fá quente qui quente, tau fu fá vem meio dia e seis hora de tarde.

       Unchinho más tarde, vêm vendilhão co galinha, quim querê galinha vivo tem vivo, quim querê galinha morto, china azinha matá, logo vem dôs hómi vendê fruta, siúm qui vêm cedo tudo gente chomá eli de “Ngai Châi Lou”, sã pichotito, otro vem unchinho más tarde gente já chomá de “Chal Pei”, istunga hómi tem ui de tánto ruga na cara.
        Vem tamên (chán tou mo kal chin) hómi de amolâ parão e tesoura, tamêm vem hómi de conserta tudo ancuza, istunga hómi tem onze dedo na mão, tudo gente chomá istunga sium de “Má Chi”, conserta tudo ancuza partido, tudo gente papiá que sã más bom qui outro téng tong kal lou qui vêm.
       Lôgo lôgo vem unga aporona ui de valente, trazê bredo, camalenga, cenoura, nabo e tánto ancuza más, istunga vêm dôs vez, trazê ancuza cartádo co tám cóm.
       Chega meio dia, vem um sium de carroça vendê achares china, tem sutate, têc iao, tau fu mui, chili missó, sün mui cheong, ngan nim cheong, sábi cuza más, tamêm vem dôs sium vendê tau fu fá.
       Ancuza vem de carróça sã toalha, pasta dentrifico, escova dente, roupa dentro pa nhónha e nhum, linha, agulha pa cirzí, botão, móla, creme, cera pa cabelo etc., hómi que trazê istunga ancuza pa vendê sã gordo, tudo gente chomá istunga sium de “Fei Lou”, têm gente vâi pa rua comprá, têm gente goelá na varanda ou janela.
       Gente qui comprá ancuza na varanda ou janela sã pincha cesto co córda pa trazê su ancuza vêm riva.
Chegá Inverno, já vêm vendê catupá, cana quente de noite, si querê comprá ancuza nádi têm qui vâi rua, sómente goelá, chomá china, china azinha vêm, pincha cesto co dinhéro já trazê vêm riva cuza querê.
       Lôgo contá más ancuza na edição de Magazine PCB qui lôgo vêm.

Texto e fotos de Filipe Rosário
Foto do pack choi copiado da página Rangeview Seeds

Dificuldades de comunicação

António há dois anos que não ia a Macau. Quando chegou ao prédio onde vivia uma prima, foi efusivamente cumprimentado pelo porteiro. Retribuindo a simpatia, António resolveu retorquir na língua do velho amigo que não via há dois anos, pondo em prática o que aprendera enquanto lá viveu.
- Ah! Nei hou, ngo mou kin nei leung ko nín! (tradução: Ah! Como está, eu não vi as suas duas mamas)!
Nin = ano
Nín = mama
O porteiro enrubesceu!

Bem-estar

Coentro
É uma erva aromática muito utilizada na culinária mediterrânica. Tem também propriedades medicinais interessantes. Elimina o mercúrio e outros metais pesados do organismo.
      Existe um componente no coentro que liga aos metais pesados, levando a sua eliminação pela urina em forma de quelatos.
- Consumir uma mão cheia deste condimento todos os dias durante 10 dias seguidos é uma maneira de desintoxicar o organismo destas substâncias.
Viva o coentro!
Rita Rocha

Sabias que...

Os panchões na metodologia chinesa são queimados para saudar os visitantes e afastar os espíritos malignos. 

Geralmente são fabricados na cor vermelho.

Rigoberto do Rosário Jr. (Api)

Nome artístico: Api Rosário
Nome real: Rigoberto do Rosário Jr.
Naturalidade: Macau, 1949.

Instrumentos: Guitarra, baixo, bateria, teclados, ukelele, cavaquinho e gaita.
Aulas de música: Colégio D. Bosco (3 anos durante a década dos 1950) e Escola de Música do Sindicato dos Músicos Filipinos de HongKong (década de 1970).

Bandas: (Ásia) The Colorful Diamonds, The Balck Cats, The Thundres, Jimmy’s Trio e Shutlooks. (Brasil) Orpheu’s Quartet, D’showbiz, Oswaldo Sandoli e sua orquestra e como solista (one-man-band).
Composições gravadas em discos: She’s in HongKong, A minha tristeza, Look at my eyes, My love is a dream, I won´t say goodbye, Macau, Namorado ciumento, My little boy e Goodbye my friend.

Discos: She’s in HongKong (1967), Look at my eyes (1969), Summer Fun (1970) e Macau (1971).

Locais de apresentações: Festas particulares, feiras/exposições, clubes sociais, teatros, hotéis, casas nocturna, Tvs, rádios, shopping malls, restaurantes, pubs e estádios desportivos.
Números de espectadores (shows ao vivo): 2 a 50.000. Tvs e rádios (sem pesquisas).
O gosto pela música foi influenciado pelo seu avô materno, que foi flautista da orquestra filarmónica do Dr. Pedro Lobo (Macau). Aos 6 anos de idade, frequentava os ensaios da orquestra, que eram realizados na residência do radialista Johnny Álvares ou no Teatro D. Pedro V, nas vésperas dos concertos. Apaixonou-se pelo trombone, e "fabricou" manualmente o seu próprio. Era composto de um chuveiro e alguns canos velhos da casa, que acabara de trocar pelo "técnico" ambulante "Hu-Wot".
Quando recebeu de presente um ukelele, abandonou o velho "trombone", e começou a imitar o Elvis Presley, que começava a sua fama na Ásia também.
O seu avô materno faleceu repentinamente, e isso causou-lhe um choque aos seus 11 anos de idade. Como ditavam os antigos costumes de Macau, ficou de luto com a restante família por um longo período. Sem cinemas e outros poucos entretenimentos da época economizou o dinheiro que recebia dos pais, semanalmente, até ter o suficiente para comprar a sua primeira guitarra acústica.
Aprendeu os primeiros acordes com alguns "professores" amigos e por meio de livros.
Participou na primeira formação do conjunto "The Colorful Diamonds" (1963), que teve a primeira apresentação pública no Colégio Santa Rosa de Lima (Macau) no mesmo ano.
Aos 14 anos de idade, cantou publicamente pela primeira vez, uma canção que lhe rendeu a coragem na qualidade de cantor-solista. Aos 15 anos, a sua primeira composição "A minha tristeza", foi apresentada no II Festival de Música de Macau, realizado no Teatro Cheng Peng classificando-se no segundo lugar.
Durante os acontecimentos do 1-2-3, actuava no Hotel Estoril (Macau) com o conjunto The Thunders. Como havia a lei marcial, teve um público de apenas um casal-hóspede do hotel. Foi a menor plateia que teve durante toda a sua carreira de músico.
Tentou, com os Thunders, outros dois festivais realizados em HongKong, conseguindo a primeira classificação na TVB (Star Show), que lhes deu o direito à gravação de um disco comercial na EMI-Columbia-HK. A sua composição "She´s in HongKong", vencedora do festival, tornou-se num hit nas TVs e rádios de HongKong e Macau, além de ter sido campeão de vendas da EMI naquela época. Com esse resultado, o gerente-geral da EMI (Robert Ascott), aprovou imediatamente as gravações de outros 3 discos.
Com a separação dos Thunders em HongKong, trabalhou com o Jimmy’s Trio e Shutlooks, até à sua emigração para o Brasil (1974).
Ao chegar no Brasil, enfrentou os primeiros dois anos com muitas dificuldades, por não conhecer ninguém ligado ao showbusiness. Foram muitas as decepções, até chegar ao ponto de querer vender a sua guitarra que trouxera na bagagem.
Deixou os seus planos de ser músico no Brasil e começou a trabalhar na aviação, como balconista-vendedor numa das lojas da companhia aérea Varig.
Um dia, apareceu na loja um dos músicos brasileiros que ele tinha conhecido em HongKong e foi o recomeço da sua carreira musical. Este músico regressava recentemente da Europa com uma banda e necessitava de um guitarrista e cantor para músicas norte-americanas. Após uma entrevista e "exame", foi admitido no Orpheu’s Quartet. Além das canções norte-americanas, havia o Samba obrigatoriamente. Como fazer, se ele nunca tocou este ritmo antes? Com auxílio dos novos colegas, lá resolveu o "problema".
Outro obstáculo inesperado. Para trabalhar como músico no Brasil, necessitava de uma licença da Ordem dos Músicos do Brasil. E para  isso, teria de fazer um exame que consistia na leitura de partituras. O Api enfrentou esta etapa com bastante facilidade, graças às aulas que teve no Colégio D. Bosco de Macau e da Escola de Música do Sindicato de Músicos Filipinos em HongKong.
Foram vários anos de trabalho com o Orpheu's Quartet, a começar pelo Happy Hour nos bares de hotéis em São Paulo até viagens para muitas cidades brasileiras, rádios e TVs.
Após o término do quarteto,  foi contratado pela orquestra do Oswaldo Sandoli, que era composta de 28 músicos. Foi aí que ele expôs o seu estilo de jazz (Tony Bennett e Frank Sinatra), que agradou muito ao público adulto da época. As viagens continuaram até que resolveu formar o seu próprio conjunto musical D’ Showbiz, especializado na música dos anos 60 e 70. Estava na moda.
Como surgiram muitas bandas novas na época, isso causou um declínio de preços, além da crise financeira dos anos 80. Afastou-se do cenário para "ver e esperar".
Em 2000, o conjunto Thunders juntou-se novamente, por lazer. Resultado: Foram contratados para apresentações no Encontro dos Macaenses em 2004 e nos Jogos de Lusofonia 2006, ambos realizados em Macau.
Hoje, ele compõe, toca e grava na sua residência, música para jingles comerciais de rádio e fundo musical para e-books, além de ter mais de 70 composições em português, inglês, chinês e patuá, para serem gravadas futuramente.