Em memória

"A uma muito querida amiga que foi a coragem em vida e a todos deixa muitas saudades.
Estará sempre presente nos nossos corações e nas nossas orações.
Até Sempre!”

A saudade permanecerá nos nossos corações
Pela sua Amizade, Carinho e Simpatia
A saudade permanecerá nos nossos corações
Pelos bons momentos partilhados connosco
A saudade permanecerá nos nossos corações
Pelos encontros e festas do PCB

24 de Junho, festa de S. João - Dia de Macau.

São João

O Bairro de São Lázaro foi durante dois dias o palco onde se celebrou o São João, santo padroeiro de Macau.



História do “Dia de Macau”

“Quando o padre jesuíta Rho disparou um tiro de canhão e acertou com precisão, um vagão carregado de pólvora pertencente às forças invasoras holandesas, no dia 24 de Junho de 1622, Dia de São João Baptista, iniciava-se a história que originou o DIA DE MACAU:

Oitocentos soldados holandeses desembarcaram na praia de Cacilhas, hoje região do reservatório, para tentar tomar Macau. Sessenta europeus e noventa macaenses tiveram que retroceder das areias de Cacilhas diante da sua inferioridade numérica. Os sinos tocavam insistentemente, as senhoras refugiavam-se em São Paulo e os tesouros foram guardados no Seminário. A cidade do Santo Nome de Deus estava desprotegida. A maior parte dos portugueses viajara para o estrangeiro, comum naquela época do ano. Os holandeses, felizmente, não sabiam disso.

Avançando com cautela, sofreram pesado bombardeio de canhões da cidadela do Monte e um tiro disparado pelo padre jesuíta Rho acertou, em cheio, aquele vagão de pólvora. Isto desconcertou as forças invasoras. Dirigiram-se então ao cume a Ermida da Guia onde foram detidos pelas forças lideradas por Rodrigo Ferreira. O golpe final aos holandeses deu-se com a junção de dois grupos de combate de Macau que os atacaram quando se dirigiam a outra elevação. Em debandada, os holandeses ainda foram atacados pela população local. No combate final em Cacilhas, os holandeses, derrotados, jogaram-se ao mar na tentativa de alcançar os barcos. Muitos se afogaram e um dos barcos, superlotado, afundou-se. Dizem os registos portugueses que cerca de 350 holandeses morreram em combate ou afogados. Do nosso lado, os mortos foram 4 portugueses, 2 espanhóis e vários negros, para uma batalha que durou cerca de duas horas.

Para Macau, desprevenida, a vitória foi considerada um milagre. Após os combates, foram todos à Catedral para uma solene acção de graças, tendo o Senado e os moradores feito votos de comemorar este dia daí em diante, cuja salvação da cidade foi atribuída a São João Baptista. Conta a lenda que pelo seu manto, foram desviados os tiros dos inimigos.

24 DE JUNHO - DIA DE MACAU foi assim instituída para comemorar esta gloriosa vitória.”

Fontes de consulta: "Macau Histórico" de C.A Montalto de Jesus - Livros do Oriente;

Dia de Camões

Não podiamos deixar de recordar Luís de Camões nesta edição de Junho e nada melhor do que apresentarmos excertos do discurso proferido, no dia 10 de Junho de 1968, junto à Gruta de Camões, em Macau, pela nossa colega e amiga Isabel Machado, em representação do Liceu Nacional Infante D. Henrique.

“.... Tratando-se de uma personalidade como a de Camões tão rica na vida interior como na obra por que se exprime e nos legou, nunca será demais debruçarmo-nos sobre ela para melhor a estudarmos e interpretar.

Todos sabemos que Coimbra e Lisboa disputam entre si a honra de terem servido de berço a Luís de Camões. Em que dia? Em que ano? Presume-se que entre 1524 e 1525, mas de concreto nada há quanto ao local e à data do seu nascimento. É esta a primeira incógnita na vida do Príncipe dos Poetas.
Foram seus pais Simão Vaz de Camões e Ana de Sá Macedo. A família de Camões descende de fidalgos galegos e fixou-se em Portugal cerca de 1370.

Camões perdeu a sua mãe, de tenra idade e desde pequenino começou a sofrer maus tratos duma hedionda madrasta. Quem sabe se não foi essa “vil megera” – como ele próprio mais tarde a designa – a causadora da índole insubmissa, do feitio rebelde, do génio indomável mas também da personalidade vincadíssima do nosso primeiro Épico, cujo apodo era o de “Trinca-Fortes” e que tão cedo começou a conhecer as inclemências do destino?

Sobre os seus estudos, concretamente, também pouco se sabe. Nova incógnita na Vida do Poeta ... Julga-se que frequentou cursos em Coimbra onde teria residido até 1542. São tão profundos os conhecimentos que patenteia na sua vasta obra que é difícil atribuí-los a autodidactismo. Estudou de certo na Velha Universidade, da qual seu tio Bento de Camões prior de Santa Cruz era Cancelário.

Coimbra, terra dos seus primeiros amores, das suas Canções, dos olhos verdes e cabelos louros da sua linda prima Isabel Tavares! Coimbra, onde viveu contente e “em paz com sua guerra” ! ...

De ascendência nobre, Camões foi cedo para a Corte de Lisboa mas também aí a sua vida continua envolta nas brumas do mistério.

Teriam sido certas alusões do Auto de El-Rei Selenco condenando veladamente o terceiro casamento do monarca com a noiva destinada a seu filho D. João, ou sua paixão platónica pela formosa Infanta D. Maria, mui erudita e intelectual filha de D. Manuel, as causas que motivaram o seu desterro para Constança? Pouco se sabe ao certo, a não ser que esta paixão sem esperança pela “Ilustre Senhora” deu azo a que Camões escrevesse sonetos maravilhosos ...
Pouco se demora no desterro. Daí parte para Ceuta onde luta heroicamente e perde, numa refrega com os Árabes, o olho direito.

A desgraça também aí o persegue. A saudade dilacera-lhe a alma. O amor mortifica-lhe o coração...


De regresso a Lisboa envolve-se em várias rixas, fere com gravidade um certo Moço da Corte Gonçalo Borges, é preso e só a “Carta de Perdão” de El-Rei D. João III o livra do cárcere mediante o compromisso de Camões “de ir servir para a Índia”. Uma vez em Goa sofre novas decepções porque só lá encontra incompreensão e cobiça desenfreada.

Continua a escrever em todos os géneros poéticos. Leva “numa mão sempre a espada e noutra a pena”.

Após a representação de sua peça “Filodemo” – escrita para as festas de investidura no cargo de Governador de Goa de Francisco Barreto – por causa de certas alusões da obra, crê-se que foi despachado para Macau com a triste função de “Provedor-Mor dos Defuntos e Ausentes”. E aqui, nesta terra que pisamos, neste local sagrado, rezam as crónicas – ou conta-nos a lenda - Camões compôs os sete primeiros cantos do seu glorioso e imortal Poema...
Não cessa de escrever. Poesia da estirpe de Virgílio soube como ele equilibrar no mesmo alto nível o pensamento, a imaginação, a emotividade, tudo caldeando com a sua extraordinária cultura, inteligência e espírito crítico. Daí resultou uma Obra Genial da maior dimensão que ultrapassou todos os limites da moda, da época, de escola e até da própria Nação.

Em 1559 regressa a Goa e naufraga no Rio Mekong, salvando a nado os “Lusíadas”... Nesse naufrágio sofre a dor suprema de perder a sua “ Tin-Nam-Men” uma doce e linda chinesinha que “em seu canto sempre seria celebrada”...

Em 1567 o Cronista Diogo Couto, passando por Lourenço Marques encontra-o “comendo de amigos e retocando os seus “Lusíadas”. Cinco anos mais tarde, já em Lisboa consegue publicar a sua Obra-Prima e EL-Rei D. Sebastião, a quem dedicou o Poema, concedeu-lhe uma tença de quinze mil reis. Fraca tença para tão forte Génio!...

... Expirou a 10 de Junho de 1580, miseravelmente, sem qualquer assistência! Os seus restos mortais, envoltos apenas num grosseiro lençol foram sepultados na Vala Comum à porta do Mosteiro de Santa Ana, em Lisboa...”

Dia do Buda

Dragão embriagado.
As cabeças e caudas do Dragão.
10 de Maio, feriado em Macau.


A festa da Primavera

Realizou-se, no passado dia 7 de Maio, a habitual Festa da Primavera do PCB.

Como de costume, os nossos amigos responderam ao desafio de passarem umas horas animadas com muita papiaçam, bailarico, cantoria e alguma comizaina gostosa, tipicamente maquista. Estamos convencidos de que não se arrependeram.

Contamos com todos em Setembro, para darem chiste à nossa Festa da Lua, que será abrilhantada por dois artistas: O Tony Canhota e o Api. Iremos cantar o hino dos macaenses - Macau, terra minha – com a participação do seu autor.



clique aqui FESTA DA PRIMAVERA 2011

Um lembrete final:

O PCB assinala este ano, a 20/07/11, o seu 9º aniversário. Foram 9 anos com muita animação, festas, almoços e fazendo juz ao nome do nosso Partido, comes e bebes nunca faltaram.

O nosso site oficial,
www.gentedemacau.com, criado a 07/07/07, como um pequeno contributo para manter ligados os nossos amigos espalhados por este mundo fora, completa quatro anos de vida.

Finalmente, em Março deste ano, foi publicada a 1ª Edição deste nosso Magazine on line. Trata-se de uma publicação trimestral com o objectivo de publicitarmos as actividades do PCB, com informações úteis, estórias contadas em 1ª pessoa, receitas das nossas comizainas e sempre com boa disposição.

A determinação de alguns e a contribuição de muitos, tornaram possível a realização de todas estas actividades.

Viva o PCB !

Adivinhas

1)

Todas as damas me querem,
dão-me à cabeça valor,
sem ter dentes firo às vezes
sem montar sou picador.

Aquele que de mim precisa,
se ao pé de si não me vê,
vai buscar notícias minhas
em carta que se não lê.

Quase todas as criadas
me encontram sendo perdido,
sou mil vezes emprestado
e nunca restituído.
2)

Qual é o vegetal
cujo nome,
lido ao contrário,
é o nome dum animal?



          

Aniversariantes do PCB



Abril

Helena Possolo
Joel Anok
Maio

Alda Dias
Ana Maria Andrade
Gilberto Camacho
Miguel Senna Fernandes
Junho

Álvaro Silva
José Gomes
Manuel Vieira

 
Muitos Parabéns e as maiores felicidades!

Poema 1

AMIZADE


Sentimento belo - Amizade
Nasce apenas no coração
Sem sabermos a razão
Ela só traduz verdade

É bom ter muitos amigos
Em hora de adversidade
Que mostrem disponibilidade
P’ra nos livrarem dos perigos

Termos fé e muita esperança
Amizade só se alcança
Com sentimento profundo

Desperdiçá-la é asneira
Mas quando ela é verdadeira
É a melhor coisa do mundo

















Poema 2

Primavera...

O despontar de uma nova estação vem animar o coração dando-lhe emoções refrescantes de um perfume inconfundível...

***********************


Os Santos Populares
São motivo de bailaricos
Onde todos participam
Alegres e bem divertidos

Stº António por excelência
É o meu Santo preferido
De pregador a casamenteiro
Não deixa ninguém distraído
S. Pedro de chaves na mão
Esboça um largo sorriso
Dissipa as nuvens do Céu
Fazendo-nos sentir no paraíso

S. João é o mais brejeiro
Entra na festa a vibrar
Com alho-porro e cornetas
Para a todos alegrar


António Maia

As origens de festejar os Santos Populares remonta ao tempo pagão, para festejar o solstício (chegada do Verão), acendiam fogueiras e dançavam em seu redor ao som de instrumentos musicais.
O Cristianismo aproveitou e transformou esses costumes para se tornarem em festejos religiosos.

Recordá sã vivê

Istunga vez iou tem na magazine de PCB contá história de iou quelóra quiança, istunga episódio iou tem na más que seis ano.
Féria de iscola na verão iou co iou sa irmão Dico já vâi pa casa de avó, mãi de iou sa mãi brincâ.
Vôsotro pódi óla na foto qui iou já botá aqui, nunca sã foto antigu, edifício sã istunga qui sã património histórico, retrato qui iou chapá sã de ano 2010.
Iou sa avó mãi co su filo fila tem vivo cinquenta ano atrás na primeiro andar de istunga casa vêlo qui tem na Av. Conselheiro Ferreira de Almeida (Hó Lán Ün), em tempo antigu gudám de istunga casa sã unga farmácia china co nóme Sang Sang Tóng.
Sã mais bom iou dessá de bafo di áde ia, aiá, dessá iou papiá cuza iou querê contá. Na féria iou co iou sa titi Vira e iou sa irmão Dico ta vâi paxá, senta sám lon ché (tricículo), nosôtro sâi de istunga vanda.
Sám lon ché já sâi de istunga isquina, passá na dianteira de Club Argonauta, de quánto farmácia china, mercearia Sén Cheong, Seng Vo, azinha chega Rua Campo, tem mercearia Ón Ón, padaria militar, Vo Long, e Ká Lám, também tem más mercearia e um chomá Cheong Heng, istunga último sã logar úndi ngau sôk bebê vinho.
Lôgo lôgo chegâ papelaria Progresso, Obras Públicas, cinema Império, segui passá na jardim S. Francisco únde tem casa de família Ribeiro e unga biblioteca Pák Kóc Teng, vira logo pa direita, logo incontrá Banco Nacional Ultramarino, Hotel Riviera, restaurante Solmar.
Rua rua qui passá têm su chiste, casa vêla de dôs andar, árvre grándi grándi qui sã árvre de S. José e más pichotito sã acácia tem fula vermêlo na verão .
Vâi unchinho más pa frente incontrá edifício tribunal e istátua de Jorge Álvares, logo logo intrá Praia Grande únde tem messe sargento, palácio de governo com guarda cáfri na porta.
Continuá vai logo incontrá Chunabéro e na riva Hotel Bela Vista, básso tem campo de ténis, primeiro mal lio (cabana) de pescador co rede na mar.
Tudo caminho de Praia Grande tem su chiste, tem cabana de pescador, pódi óla lorcha, tai thó (caravela com velas de tubarão), gente pesca co bambú e non sábi cuza más.
Azinha chegá Mea Laranja incontrá cabana de pescador que tem na foto, istunga foto nunca sã de cinquenta áno fóra, tem quasi trinta ano ia.
Iou nádi papiá cuza tem na foto, vôsotro pódi óla como sã, cinquenta áno atrás nom têm casarám na Taipa sómente.
Nosôtro sentá unchinho na beira mar toma fresco, óla rede de pescador subí descê, pescador ta vâi co rede piqueno tira pésse de rede grándi.
Titi Vira cabeça gránde ta vâi pirguntá pescador como vendê su pésse, logo comprá pésse qui nunca sã grándi, sã fresco, pescador vem co pésse embrulado na jornal, abri pa nosôtro bispá unchinho, pésse pésse vivo, saltâ.
Azinha vâi casa, avó pega pésse vâi cozinha ta cocús co óleo, sutate, chong e gengibre.
Assi já passá unga manhã de verão na beira mar.

Texto e fotos de Filipe Rosário


Tradução para Português

Recordar é viver, desta vez vou contar, no Magazine do PCB, uma história da minha meninice. Neste episódio eu não tinha mais de seis anos.
Nas férias de verão, eu e o meu irmão Dico íamos brincar à casa da nossa avó materna.
Podem ver na fotografia que publico que não se trata de uma foto antiga, esta foto foi tirada em 2010. O edifício é património histórico.
A minha avó materna vivia com os seus filhos, há 50 anos, no 1º andar deste velho edifício na Av. Conselheiro Ferreira de Almeida (Hó Lán Un), no R/C deste edifício havia uma farmácia chinesa chamada Sang Sang Tóng.
É melhor deixar-me de rodeios e ir directo à história.
Nas férias, eu, a minha tia Vira e o meu irmão Dico fomos passear de riquexó (triciclo).
O riquexó saiu desta esquina e passou à frente do Clube Argonauta, por várias farmácias chinesas, pelas mercearias Sén Cheong, Seng Vo, rapidamente chegamos à Rua do Campo, com a mercearia Ón Ón, padaria militar, Vo Long e Ká Lam e mais mercearias, uma das quais, de nome Cheog Heng, onde os portugueses europeus iam beber vinho.
Logo a seguir ficava a papelaria Progresso, as Obras Públicas, o cinema Império, a seguir passamos pelo Jardim de S. Francisco onde ficava a casa da família Ribeiro e a biblioteca Pák Kóc Teng, virando à direita encontramos o Banco Nacional Ultramarino, o Hotel Riviera, o restaurante Solmar.
Todas as ruas por onde passamos tinham a sua piada, casas velhas de dois andares, árvores enormes que são as árvores de S. José e as mais pequenas, as acácias, com flores vermelhas no verão.
Um pouco mais adiante encontramos o edifício do Tribunal e a estátua de Jorge Álvares, e entramos na Praia Grande, com a Messe de Sargentos, o Palácio de Governo, com um guarda africano na porta.
Continuando o trajecto encontramos o Chunambeiro, em cima o Hotel Bela Vista, em baixo o campo de ténis e antes a cabana de pescadores com a rede lançada ao mar.
Todo o trajecto da Praia Grande tem a sua piada, com cabanas de pescadores, lorchas com velas de tubarão, gente a pescar com cana e sei lá que mais.
Rapidamente chegamos à Meia Laranja e encontramos a cabana de pescadores que se vê na fotografia, que não tem 50 anos, mas quase trinta.
Não vos vou contar o que mostra a foto, podem observar como era, só que há 50 anos não havia os prédios na Taipa.
Sentamos um pouco à beira mar para nos refrescarmos e ver a rede dos pescadores a subir e a descer, e o pescador com uma rede pequena a retirar os peixes da rede grande.
A Tia Vira, foi saber o preço dos peixes e logo os comprou. Os peixes não eram muito grandes, mas frescos, e vinham embrulhados em papel de jornal que o pescador nos mostrou, ainda saltitantes.
Rapidamente fomos para casa, a avó cozinhou os peixes em banho-maria, com óleo, molho de soja, cebolinho e gengibre.
Assim passamos uma manhã de Verão à beira mar.

Tradução feita pelo PCB.

Iou gosta di Macau

Iou gosta di Macau na Primavera,
Iou gosta di Macau na Veráng,
Macau na Outono tem su chiste,
Nadi triste
Macau na Inverno sã interessanti

Iou gosta di Macau tudo ano,
De Janero a Dezembro,
Ai qui foi assi galanti?
Ai-oh-ai, como nadi?
Iou-sa coraçam teng ali.

Iou gosta di Macau todo hora,
Iou sã nadi vai embora.
Macau teng tanto ancuza fino fino
Nom sã só Casino
Macau sã terra sin igual

Iou gosta di Macau tudo o ano,
De Janero a Dezembro,
Ai, qui foi assi galanti?
Ai-Oh-ai, como nadi?
Iou-sa coraçám teng ali.

Letra de Fausto Manhão, adaptação musical e intérprete, Api
(Versão em patuá da canção original "I love Paris" de Cole Porter)

Importante: É proibido a reprodução para fins comerciais. Apenas para uso doméstico

Como cheguei a Macau ! 2ª parte

../..
Apreensivo, pensei que a estadia de 48 horas teria sido encurtada para 24 horas e que o barco teria saído mais cedo, sem mim. Ao aproximar-me da borda do cais verifiquei que, para meu espanto, lá estava o "Timor" assente sobre o lodo. A maré na Beira tinha uma altura enorme, o que fez com que, na maré-baixa, o barco ficasse abaixo do cais. Ao embarcar, em vez de subir, desci as escadas para o "deck". Apenas a chaminé do navio se conseguia ver acima do cais.

Partimos para a parte mais crítica da viagem, a ligação entre Beira e Singapura, que iria durar cerca de 19 dias de navegação.

A ligação Beira-Singapura foi muito difícil, não só pelo número de dias de navegação, mas principalmente pelos sustos. Inicialmente apanhámos um mar que a tripulação chamava de "azeite", sem ondulação. Neste período entretínhamo-nos a observar os peixes voadores a sair da água e alguns até aterravam nos “decks” do barco. Depois veio o pior, quando fomos fustigados por uma tempestade tropical, um tufão. O barco parecia uma casca de noz. O mobiliário que não estava preso ao chão, andava por todo o lado. Cadeiras, mesas, pratos, tudo que não estivesse preso voava pelo ar. Perguntámos ao piloto se corríamos perigo e ele respondeu que enquanto a água não chegasse à chaminé estaria tudo bem. "À chaminé?! Quando lá chegasse já estaríamos no fundo!". A explicação do piloto não ajudou a tranquilizar o pessoal e para aumentar ainda mais a nossa preocupação aconteceu um episódio que viria a colocar todos em pânico. Encontrávamo-nos no bar, que ficava por baixo da ponte de comando, a jogar às cartas quando uma onda bateu com tal força que partiu a vigia e o bar ficou alagado. Os estilhaços e a água do mar que entraram por ali dentro provocaram ferimentos em alguns camaradas.

Colocar cerca de 400 homens confinados a um pequeno espaço e sem condições, mais tarde ou mais cedo iria dar problemas. Qualquer pequena questão dava logo motivo para andarem à bulha.

Estávamos a aproximar-nos de Singapura e tínhamos a expectativa de poder desembarcar. Alimentarmo-nos era a nossa prioridade, uma vez que a comida a bordo era intragável e a má disposição constante não ajudava. Nesta altura já tinha perdido cerca de 9 kg.

Para nossa desilusão as autoridades alfandegárias de Singapura não autorizaram o desembarque devido a problemas criados pela anterior passagem do "Timor". O comportamento do pessoal não tinha sido o melhor. Atracámos na última bóia do porto, devido aos explosivos a bordo, e ficámos a ver Singapura ao longe.

Ao aproximarmo-nos da nossa bóia para amarrar o barco avistámos uma quantidade enorme de barcos a motor a encostarem-se ao navio e a lançarem cordas para içarem para bordo uma autêntica feira ambulante. Havia de tudo, roupa, discos, gira-discos, mobílias chinesas, uma autêntica feira a bordo. Um dos camaradas comprou dois discos dos Beatles por USD$0,5. Assim que chegou a Macau e os pôs a tocar é que viu que de Beatles só tinha a capa, as músicas eram cantadas por chineses. Fartámo-nos de rir, era tudo falso.

Juntamente com estes barcos apareceram alguns que transportavam prostitutas. Esta situação foi um problema para a tripulação e para a chefia militar. Elas subiam pelas cordas e os tripulantes, com grandes mangueiras de água, corriam com elas. Foi uma carga de trabalhos para nós, Sargentos, conseguirmos controlar o pessoal.

Ao final do dia voltámos a zarpar, já com o barco reabastecido de água potável e alguns mantimentos a caminho de Hong-Kong.

Após dois ou três dias de navegação encontrávamo-nos junto do Vietname. Fomos sobrevoados em voo rasante, à hora do almoço, por dois caças Norte Americanos que se tornaram na nossa companhia durante dois dias. A guerra no Vietname estava no ponto mais alto e existia um bloqueio naval. Qualquer barco que passasse seria seguido e vigiado até entrar em águas internacionais. Serviu para quebrar a monotonia a bordo, uma vez que estávamos todos bastante mal psicologicamente, principalmente os que iam no porão. Existia a bordo a disciplina militar no seu pior sentido, não podia haver confraternização entre as várias patentes, Praças num lado, Sargentos no outro e Oficiais no topo.

Chegámos a Hong Kong a meio da tarde e fomos avisados que só desembarcaria o pessoal que ia para Macau, visto que a maioria ia para Timor.

Ao desembarcar do navio "Timor" senti ao mesmo tempo um alívio e uma satisfação enorme. A longa estadia a bordo tinha sido bastante desagradável, o melhor tinha sido a rota, tive a oportunidade única de ter ficado a conhecer cidades como Luanda, Lobito, Benguela, Lourenço Marques, Beira e um vislumbre de Singapura.

Quando embarquei em Lisboa nunca pensei que a viagem iria ser tão atribulada e nem que iria demorar 50 dias para chegar a Macau.

Embarquei no barco "SS Macau" já na recta final com destino a Macau. Este barco era bastante diferente do “Timor”, tinha ar condicionado, cadeiras de luxo, espectáculo de variedades e nesse dia até iria haver um show de "striptease". Era um barco de 5 estrelas.

Comprei um bilhete para o espectáculo, com direito a refeição, tudo por 50 escudos, cerca de 10 patacas. Durante o espectáculo foi servida como refeição "chau min", que para mim era novidade. Foi o meu primeiro contacto com os "faichi", que não dominava.

Finalmente, Macau. Atraquei no porto exterior por volta da meia-noite do dia 23 de Julho de 1970. Cinquenta dias após a minha partida de Lisboa.

Quando finalmente saí, após ter procedido a todas as formalidades, abri a porta e fui surpreendido com um bafo de ar quente e húmido. Olhei para terra, só via uma luz ao longe a tremelicar na escuridão. "Onde é que eu vim parar!".

Fui abordado por um oficial que trabalhava na rádio militar e fazia entrevistas aos recém-chegados para partilharem as suas primeiras impressões. As minhas primeiras palavras foram de total desagrado. Obviamente pediram-me que fizesse outro tipo de declaração, senão não a iriam poder transmitir.

Permaneci em Macau durante dois anos. Conheci alguns hábitos e costumes da terra, entre os quais aprender a jogar "mahjong".

Foram dois anos maravilhosos, tão bons que acabei por casar com uma filha da terra. Saudosos tempos da velha cidade Macau, à qual apenas regressei passados vinte e quatro anos.

Manuel Vieira

Dificuldades de comunicação

Muitas famílias macaenses emigraram para o Brasil nas décadas de 1960 e 1970. A maioria escolheu São Paulo como destino. Uma destas famílias, composta por mãe, filha, genro e netos, tiveram de aprender novas palavras (brasileiras) para se adaptarem à vida quotidiana local. Todos os membros dessa família não tiveram grandes dificuldades, exceto a mãe, já com os seus 70 anos, que só falava patuá e cantonense, nem enquanto viveram em Macau falava português.

Um dia, esta senhora foi a uma padaria com a sua filha para fazerem algumas compras para o "chá da tarde" na sua residência, já que iam  ter a visita de alguns amigos. Quando entraram no estabelecimento, enquanto a filha olhava para algumas  prateleiras de um lado, a mãe (que só falava patuá), foi diretamente ao balcão, onde o próprio dono atendia os clientes. Ela olhou, olhou.... e disse:

- Iou querê dois espingarda cô 10 granada.
  (Eu quero duas espingardas e 10 granadas)
O dono da loja olhou assustado para a senhora e respondeu trémulo:
- Aaaaaah... senhora. Acho que a senhora entrou no lugar errado. Nós não vendemos nenhum armamento bélico aqui nessa loja.
- Ouví! Si sã belo ô nân sã, iou não quero sábi. Iou querê dois espingarda cô 10 granada, j´ouví?
  (Oiça! Se é belo ou não, eu não quero saber. Eu quero duas espingardas e 10 granadas, ouviu?)
Nesse momento a filha da senhora aproxima-se, porque viu que a mãe estava a ficar nervosa. Após algumas explicações, a filha virou-se para a mãe e disse-lhe:
- Mãe, não sã espingarda nem granada. Aqui na Brasil, acunga pám comprido chamá pám-bengala, não sã espingarda. Acunga bolo-doci chamã bomba di chocolate, não sã granada.
 (Mãe, não são espingardas nem granadas. Aqui no Brasil, aquele pão comprido chama-se pão-bengala e não espingarda. Aquele bolo doce chama-se bomba de chocolate e não granada).
A mãe nervosa, disse:
- Aia, boboriça, iou só sábi que são unga asnera que explodí, arrebentá, qui sabi si sã bomba ou granada.
 (Aia, que disparate, eu só sei que é uma coisa que explode e rebenta, que importa se é bomba ou granada)

Esta é uma história real.
Texto de Rigoberto Rosário

Chiquia, jogo da nossa infância.

Para quem não saiba, a chiquia é um brinquedo simples, formado por rodelas de cartão ou de folhas de jornal, atadas por um cordel, perfuradas no centro, onde se fixam 4 penas de galinha.
O jogo consiste em bater na chiquia, com a mão ou com o pé, sem a deixar cair, até um limite de vezes combinado. Fácil, não é? Experimente chegar às 100 batidas. Nem mesmo o Ronaldo!
Ah, mas quem deixar cair a chiquia ao chão, cede o lugar ao seguinte, registando o número de batidas conseguidas e somando os resultados parciais.
E assim nos divertíamos e passávamos as tardes inteiras com o objectivo de encontrarmos o “morto”, ou seja, aquele que, de entre todos os intervenientes, não conseguisse atingir o número de batidas combinado.
Claro que depois vinha o “castigo” e a desforra.

Receitas da Ti Mari

RECEITAS DE BOLINHOLAS
Macau, 15 de Setembro de 1872

3) BATATADA
2 cattes de batatas de Europa, 1 catte de assucar, 8 gemas de ovos, e pouco manteguilha, e amendôa.
4) BEBINDA DE BATATAS
3 cattes de batatas, 12 taeis de farinha arroz, 10 gemas de ovos, 1 catte ½ de assucar, 4 chupas de leite, 2 cocos 1 e ½ santão e outro ½ carne misturado amendôa e manteguilha.
5) BICHO-BICHO
1 catte de farinha 12 ovos 2 claras, e agua e sal manteiga para maçar e 1 catte de assucar para melhor.

Receitas da TI Mari - Livro manuscrito no século 19, (com 138 anos) oferecido gentilmente pelos Confrades Florita Morais Alves e Victor Morais Alves, à Confraria da Gastronomia Macaense, da autoria da Senhora D. Francisca Alvez dos Remédios (Ti Mari).

enviado por: Luís Machado

Nota: As receitas aqui expostas são exactamente as que estão escritas nos apontamentos da senhora D. Francisca dos Remédios. Quanto à confecção das mesmas fica ao critério de cada um. Vá lá, puxem pela imaginação e cozinhem com paixão e não se esqueçam de nos informar dos resultados obtidos, combinado?


Os caldos da minha mãe

Caldo para o bem-estar geral

Ingredientes:
2 peras com casca
4 cenouras
3 a 4 tiras de cebolinho com cabeça e raíz (chông)
1 amargoso (fu kuá), sem sementes
10 tigelas de água

Modo de preparação:
Lave bem os ingredientes e corte-os em pedaços grandes.
Num tacho coloque a água e os ingredientes todos e deixe ferver, depois em lume brando deixe cozer durante meia hora até obter 3 tigelas de caldo.
Sirva quente ou frio.
Bom proveito!

Rodapé gastronómico

O dim sum está  ligado à tradição mais antiga das “casas de chá” que têm as suas raízes nos antigos viajantes que necessitavam de um local para descansar. Agricultores exaustos,  depois de um árduo trabalho nos campos, frequentavam as “casas de chá” para uma relaxante tarde de chá.
Inicialmente, era considerado inadequado combinar o chá com a comida, porque  acreditava-se que levaria a um excessivo aumento do peso. Mais tarde descobriu-se que o chá ajudava na digestão e os proprietários das casas de chá começaram a incluir vários petiscos na ementa.
Muitos restaurantes começam a servir o dim sum às cinco da manhã.
É  tradição  os mais idosos  juntarem-se  para comer o dim sum após os exercícios matinais. Para muitos, no Sul da China, Yum Cha (ir à casa de chá) é considerado o dia semanal da família, normalmente,  ao fim de semana. De acordo com a tradição, os restaurantes de dim sum mais típicos, só servem o dim sum até ao meio da tarde, servindo outros pratos típicos da cozinha cantonense ao jantar.
Nesta edição apresentamos quatro  restaurantes que, em Portugal, servem o dim sum.

Resturante Yum Cha,  na Praceta de Maputo, 6A, em Oeiras, mesmo em frente ao Jardim dos Combatentes (Av. do Ultramar/Av. de Moçambique), na Quinta da Figueirinha. (ver no google map)
Tel - 214415481
Restaurante Dim Sum, no Cacém, na Rua António Nunes Sequeira, 14.
Perto da estação da CP, ao lado da Junta de Freguesia de Agualva/ Cacém e em frente à Esc. Sec. Ferreira Dias. (ver no google map)
Tel – 219135848
Restaurante Hong Kong Grande Palácio, na Rua Pascoal de Melo, 8A, em Lisboa. (ver no google map)
Tel - 218123349
Restaurante Mandarim, no Casino do Estoril.
Tel - 214667270 (ver no google map)

Além do dim sum, poderão encontrar outros pratos tipicamente cantonenses, feitos à maneira de Macau e de Hong Kong.
Bom proveito!