Recordá sã vivê

Istunga vez iou tem na magazine de PCB contá história de iou quelóra quiança, istunga episódio iou tem na más que seis ano.
Féria de iscola na verão iou co iou sa irmão Dico já vâi pa casa de avó, mãi de iou sa mãi brincâ.
Vôsotro pódi óla na foto qui iou já botá aqui, nunca sã foto antigu, edifício sã istunga qui sã património histórico, retrato qui iou chapá sã de ano 2010.
Iou sa avó mãi co su filo fila tem vivo cinquenta ano atrás na primeiro andar de istunga casa vêlo qui tem na Av. Conselheiro Ferreira de Almeida (Hó Lán Ün), em tempo antigu gudám de istunga casa sã unga farmácia china co nóme Sang Sang Tóng.
Sã mais bom iou dessá de bafo di áde ia, aiá, dessá iou papiá cuza iou querê contá. Na féria iou co iou sa titi Vira e iou sa irmão Dico ta vâi paxá, senta sám lon ché (tricículo), nosôtro sâi de istunga vanda.
Sám lon ché já sâi de istunga isquina, passá na dianteira de Club Argonauta, de quánto farmácia china, mercearia Sén Cheong, Seng Vo, azinha chega Rua Campo, tem mercearia Ón Ón, padaria militar, Vo Long, e Ká Lám, também tem más mercearia e um chomá Cheong Heng, istunga último sã logar úndi ngau sôk bebê vinho.
Lôgo lôgo chegâ papelaria Progresso, Obras Públicas, cinema Império, segui passá na jardim S. Francisco únde tem casa de família Ribeiro e unga biblioteca Pák Kóc Teng, vira logo pa direita, logo incontrá Banco Nacional Ultramarino, Hotel Riviera, restaurante Solmar.
Rua rua qui passá têm su chiste, casa vêla de dôs andar, árvre grándi grándi qui sã árvre de S. José e más pichotito sã acácia tem fula vermêlo na verão .
Vâi unchinho más pa frente incontrá edifício tribunal e istátua de Jorge Álvares, logo logo intrá Praia Grande únde tem messe sargento, palácio de governo com guarda cáfri na porta.
Continuá vai logo incontrá Chunabéro e na riva Hotel Bela Vista, básso tem campo de ténis, primeiro mal lio (cabana) de pescador co rede na mar.
Tudo caminho de Praia Grande tem su chiste, tem cabana de pescador, pódi óla lorcha, tai thó (caravela com velas de tubarão), gente pesca co bambú e non sábi cuza más.
Azinha chegá Mea Laranja incontrá cabana de pescador que tem na foto, istunga foto nunca sã de cinquenta áno fóra, tem quasi trinta ano ia.
Iou nádi papiá cuza tem na foto, vôsotro pódi óla como sã, cinquenta áno atrás nom têm casarám na Taipa sómente.
Nosôtro sentá unchinho na beira mar toma fresco, óla rede de pescador subí descê, pescador ta vâi co rede piqueno tira pésse de rede grándi.
Titi Vira cabeça gránde ta vâi pirguntá pescador como vendê su pésse, logo comprá pésse qui nunca sã grándi, sã fresco, pescador vem co pésse embrulado na jornal, abri pa nosôtro bispá unchinho, pésse pésse vivo, saltâ.
Azinha vâi casa, avó pega pésse vâi cozinha ta cocús co óleo, sutate, chong e gengibre.
Assi já passá unga manhã de verão na beira mar.

Texto e fotos de Filipe Rosário


Tradução para Português

Recordar é viver, desta vez vou contar, no Magazine do PCB, uma história da minha meninice. Neste episódio eu não tinha mais de seis anos.
Nas férias de verão, eu e o meu irmão Dico íamos brincar à casa da nossa avó materna.
Podem ver na fotografia que publico que não se trata de uma foto antiga, esta foto foi tirada em 2010. O edifício é património histórico.
A minha avó materna vivia com os seus filhos, há 50 anos, no 1º andar deste velho edifício na Av. Conselheiro Ferreira de Almeida (Hó Lán Un), no R/C deste edifício havia uma farmácia chinesa chamada Sang Sang Tóng.
É melhor deixar-me de rodeios e ir directo à história.
Nas férias, eu, a minha tia Vira e o meu irmão Dico fomos passear de riquexó (triciclo).
O riquexó saiu desta esquina e passou à frente do Clube Argonauta, por várias farmácias chinesas, pelas mercearias Sén Cheong, Seng Vo, rapidamente chegamos à Rua do Campo, com a mercearia Ón Ón, padaria militar, Vo Long e Ká Lam e mais mercearias, uma das quais, de nome Cheog Heng, onde os portugueses europeus iam beber vinho.
Logo a seguir ficava a papelaria Progresso, as Obras Públicas, o cinema Império, a seguir passamos pelo Jardim de S. Francisco onde ficava a casa da família Ribeiro e a biblioteca Pák Kóc Teng, virando à direita encontramos o Banco Nacional Ultramarino, o Hotel Riviera, o restaurante Solmar.
Todas as ruas por onde passamos tinham a sua piada, casas velhas de dois andares, árvores enormes que são as árvores de S. José e as mais pequenas, as acácias, com flores vermelhas no verão.
Um pouco mais adiante encontramos o edifício do Tribunal e a estátua de Jorge Álvares, e entramos na Praia Grande, com a Messe de Sargentos, o Palácio de Governo, com um guarda africano na porta.
Continuando o trajecto encontramos o Chunambeiro, em cima o Hotel Bela Vista, em baixo o campo de ténis e antes a cabana de pescadores com a rede lançada ao mar.
Todo o trajecto da Praia Grande tem a sua piada, com cabanas de pescadores, lorchas com velas de tubarão, gente a pescar com cana e sei lá que mais.
Rapidamente chegamos à Meia Laranja e encontramos a cabana de pescadores que se vê na fotografia, que não tem 50 anos, mas quase trinta.
Não vos vou contar o que mostra a foto, podem observar como era, só que há 50 anos não havia os prédios na Taipa.
Sentamos um pouco à beira mar para nos refrescarmos e ver a rede dos pescadores a subir e a descer, e o pescador com uma rede pequena a retirar os peixes da rede grande.
A Tia Vira, foi saber o preço dos peixes e logo os comprou. Os peixes não eram muito grandes, mas frescos, e vinham embrulhados em papel de jornal que o pescador nos mostrou, ainda saltitantes.
Rapidamente fomos para casa, a avó cozinhou os peixes em banho-maria, com óleo, molho de soja, cebolinho e gengibre.
Assim passamos uma manhã de Verão à beira mar.

Tradução feita pelo PCB.

2 comentários:

GinaB disse...

Belos tempos, Filipe! Não havia "stress" .. Abraços

ju disse...

Nem poluição!
Até ao próximo episódio.