Carlos Manhão


     Nesta edição apresentamos a Tuna Macaense e o fundador da Associação Musical Tuna Macaense, Carlos da Silva Manhão.

Há mais de um século, existiam em Macau, agrupamentos musicais vulgarmente conhecidos por Tunas. A mais antiga data de 1800 e ficou conhecida por a Tuna Alegria.
As mais populares que existiam eram as Tunas Harmonia Popular, Tuna Águia, Tuna Jusical, Tuna Camélia e Grupos Bragarinhos, entre outros tantos.

Os instrumentos musicais utilizados eram, principalmente, cordofones, destacando-se igualmente as violas e os bandolins. Havia uma tuna infantil, composta por crianças de tenra idade que tocavam harmónica, que era dirigida por uma esbelta e elegante senhora que se chamava Laura Pereira Manhão (Áda).

Por ocasião do Carnaval, as tunas abrilhantavam as inúmeras festas carnavalescas da cidade, nas quais sobressaíam as alegres e populares marchas. Para além de assaltos às casas, nalgumas das quais eram servidos chás gordos, organizavam-se desfiles dos mascarados que circulavam pelas ruas da cidade.

A Tuna Macaense surgiu na década de 1960, com cerca de 30 instrumentos, possivelmente formada por elementos que integravam os diversos conjuntos que, gradualmente se foram extinguindo.

Carlos da Silva Manhão nasceu em Macau em 1950. Filho de pais Macaenses, estudou na Escola Comercial Pedro Nolasco e cedo revelou a sua paixão pela música, principalmente pelas canções das tunas.

Em 1982 fez parte da Tuna Macaense que era formada por nove elementos, Carlos Manhão, António Amante, António Canhota, António Lopes, Alfredo Neves, José Silvestre, Mário Lameiras, Mário Trabuco e Rui Coelho.

Graças à persistência de Carlos Manhão foram conseguidas as instalações provisórias para a Tuna na Pousada de Mong-Há, com o apoio da Direcção dos Serviços de Turismo de Macau (DSTM). Era neste local que decorriam os ensaios e preparativos da Tuna para as suas digressões ao estrangeiro.

Com o apoio da DSTM, esta foi a primeira Tuna a gravar uma cassete composta por onze temas musicais, todos em patuá, com letras da autoria de José dos Santos Ferreira (Adé) e interpretados por Carlos Manhão. Estas canções foram posteriormente reeditadas em disco digital.

Fizeram diversas actuações, uma das quais em Malaca-Singapura quando participaram no Travel Fair 82.

Em Março de 1983, deslocaram-se a Portugal para participarem na Semana de Macau, que teve lugar no Casino de Estoril. Neste evento houve a exibição da comida tradicional Macaense, das danças do leão e do dragão e de danças folclóricas acompanhadas pela Tuna.

A 10 de Junho de 1983, aquando da comemoração do Dia de Portugal (ou Dia de Camões e das Comunidades Portuguesas), a Tuna foi agraciada com a medalha de Mérito Cultural no Palácio de Governo. Neste dia o Rancho Folclórico de Portugal deslocou-se a Macau para participar no mesmo evento.

Em Setembro de 1984 a Tuna teve a sua participação plena na Noite à portuguesa, realizada na Fortaleza do Monte, tendo actuado por diversas vezes com o seu reportório de música portuguesa.

A Tuna Macaense foi ainda convidada em Novembro do mesmo ano a tocar no Portuguese Food Festival no restaurante Vasco da Gama do Hotel Royal. Marcaram presença, igualmente, em vários eventos.

Actualmente a Tuna Macaense continua muito activa em Macau e os seus elementos foram sendo substituídos ao longo dos anos. Os instrumentos são muito mais sofisticados, como as guitarras eléctricas, o órgão e a bateria, entre outros.


  

2 comentários:

zinhanok disse...

Instalações provisórias? ... era apenas um barracão mas deu muito jeito as artistas, sem dúvida. Foi no tempo do Dr. Urgent MB que punha toda a malta a correr a 200/hora hehehe
Zinha

GinaB disse...

Mesmo assim já foi bom ter um espaço só para eles. Gosto imenso das canções, muito obrigada Tuna Macaense 1983. Votos que a actual Tuna continue sempre activa - a nossa herança macaense!