Descrições e Receitas para ilustrar a sua História
A nau atracara há muitos dias no cais. Longe da sua pátria, o cozinheiro de bordo queixou-se, com enfado, certa manhã, à sua cara metade que estava farto de comer, ao almoço, o Son-kou – espécie de pão insípido – e que estava tentado a experimentar cozer o “pão de ló” português, mesmo com a exagerada quantidade de 16 ovos a banho-Maria, isto é, a vapor. Todos os bolos chineses são cozidos a banho-Maria; e, nesse tempo, não havia forno apropriado para assar bolos.
Cortou uma fatia e deu-a à mulher para provar.
O efeito foi instantâneo e inesperado. Ela deu uns pulinhos de satisfação paladaresca e, abraçando o marido, saltitou umas voltinhas e exclamou “Ai! Sarán-suráve!” Foi uma paráfrase instintiva de sons alegres ou a poetização oriental da frase: “San suave ! “ É realmente muito leve! Foi assim que ela baptizou o “pão de ló” português, chamando-lhe “Sarán-suráve”. Macaizou-se ainda, cobrindo o bolo com coco ralado, cozido com açúcar. Não contente, acrescentou uma camada de canela em pó, variando ás vezes com feijão torrado e moído ou com a farinha de biscoito, para saber nelhor.
E até hoje, há quem pense que este bolo tem de ser cozido a banho-Maria, não se convencendo de que daria melhor resultado, se fosse assado ao forno.
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