Unga vez, iou co iou-sa amiga já vai matinée na cinema Império. Cavá unga mosquito ( iou senti sã percevejo) já pica na costa di iou-sa amiga qui num pódi mais, já virá mám, coça vai coça vem. Quelora senti unga mám aju dá coça. Qui sabroso. Iou-sa amiga pensá sã iou, cavá torce costa falá:
- Aqui, mais aqui, aqui…
Acunga mám já acompanha, coça tudu vanda na costa.
- Ah! Sã quim tá coça iou-sa costa, num sã vôs?
Nôs virá cara olá sã quim. Sâm unga marinhero ngau sok!
Azinha azinha, nôs já guelá:
- Abusador! Maquiado! – Uncento di nome nosotro já chomá acunga diabo!
Istunga marinhero, já apanhá susto, fugí vai fora.
Cavá nôs papiá, coitado acunga marinhero, já pága bilhete nunca olá cinema.
Diveras num pódi tem bom coraçam.
Tradução
Numa sessão de cinema, a minha amiga foi mordida por um mosquito ( ou seria percevejo?). Aflita, virou o braço para trás e começou a coçar as costas. Sentindo que alguém a estava a aju dar nesta tarefa, convenceu-se que era eu, uma vez que estava sentada ao seu lado. Então, ia pondo as costas a jeito, indicando o sítio da picadela:
- Aqui, mais para ali, aqui...
Entretanto, repara que eu tinha as duas mãos sobre a carteira que repousava no meu colo e exclamou:
- Ah! Quem é que está a coçar as minhas costas, não és tu!?
Voltámo-nos para ver quem seria. Era um marinheiro português que estava sentado na fila de trás.
Perante o insólito, desatámos a gritar:
- Abusador! Malcriado! E uma série de nomes mais.
O solícito marinheiro, assustado, desatou a correr para fora do cinema.
Perante o susto do marinheiro, comentamos :
- Coitado do marinheiro, pagou o bilhete e não viu o filme até ao fim!
Realmente, não se pode ser prestável.
Júlia Gordo
1 comentário:
Cuza nadi levâ "mãozinha" para cussâ!
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